Média das taxas nos contratos assinados passaram de 6,96% para 10%
Os juros altos impostos pelo Banco Central estão penalizando as famílias que financiaram seus imóveis a partir de 2020, sonhando com a casa própria. Uma simulação feita pelo Jornal Nacional a partir de um imóvel adquirido por R$ 250.000,00, cuja composição de taxas (fixa e variável ) inclui a Selic no cálculo, era fixada em 6,9% ao ano e resultava em uma prestação em novembro de 2020 no valor de R$ 2.162,00. Em abril deste ano, essa mesma prestação subiu para R$ 2.580,00, pois os juros do contrato subiram para 9,98% ao ano, exatamente pelo reflexo do aumento da Selic. A prestação ficou mais cara em 19,33%, quase 20%.
Um imóvel que na contratação tinha um saldo devedor de R$ 370.000,00, agora impactado pela Selic, tem um saldo de R$ 520.000,00.
A taxa Selic é a taxa de juros básica da economia estabelecida pelo Banco Central (BC) e usada, pela sua doutrina, para o controle da inflação, que na realidade tem tido o efeito contrário.
Foram muito poucos aqueles que, entre os assalariados ou é micro empresário ou mesmo empreendedor, entre outras categorias de mutuários, que tenham tido um aumento de renda nesse percentual. Pelo contrário, o desemprego, os salários em queda, os preços comprimidos para maioria dos micro ou pequenos fabricantes, comerciantes e prestadores de serviços, que tem absorver custos sem condições de repassa-los, são atingidos pela inflação e a carestia comprimindo ainda mais as famílias de baixa renda.
Mutuários de todos esses segmentos estão tomando um choque com os aumentos das prestações, como o demonstrado na simulação.
No tempo que foram oferecidos os planos, que agora estão trazendo esses aumentos cavalares, a opção de 3,35% ao ano de taxa de juros mais a taxa Selic eram muito atrativa e permitiu, pelo valor menor das prestações, na comparação com outras modalidade de juros de contratos, que muitas famílias fizessem essa escolha e conseguissem comprar seus imóveis.
Não havia, pode se dizer ninguém, quem pudesse esperar uma escalada tão rápida e tão forte do aumento dos juros (Selic). Mais exatamente de 4,25% ao ano em junho do ano passado para 12,75% ao ano fixada na quarta-feira (4) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O maior juro real do mundo.
A média das taxas de financiamento, que foi de 6,96%, deve ficar agora perto dos 10%, e a renda familiar mínima para a compra também deve subir. Na mesma simulação acima, a renda familiar exigida para adquirir um imóvel que era de R$ 7.200,00, é agora de R$ 8.600,00. Um aumento de 19,44% que vai impedir o acesso de muitas famílias à casa própria no desgoverno Bolsonaro.