
O ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD) afirmou que possui um “caminho claro” quando questionado sobre a possível aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Meu espectro não é do Bolsonaro”, disse Kalil em entrevista à TV Rede Mais.
Ao falar sobre Lula, Kalil comentou os encontros com o petista e disse estar “livre” para escolher seu próprio caminho.
“Eu já encontrei com ele [Lula] várias vezes, temos muita agenda juntos. Agora, o nosso partido é muito eclético. Os deputados estão lá, tem benesses em Brasília que não me importa quais são, mas quem manda no meu partido é o presidente Gilberto Kassab. E quando conversei com ele, pedi a liberdade para escolher o meu caminho”, afirmou.
O pré-candidato ao governo mineiro também falou sobre o impasse do PSD com o PT. “Eu não posso fazer também que A, B ou C apoie o presidente Lula, como tenho também que ver como a cúpula que realmente manda no partido dá essa liberdade a todos. Então, isso não me incomoda e não é desafio, acho que cada um olha como quer”, concluiu.
Na última semana, o presidente do partido no estado, senador Alexandre Silveira, disse que a maioria dos parlamentares da sigla prefere caminhar com Jair Bolsonaro (PL). Mas o pré-candidato ao governo, reafirmou que não apoia o atual chefe do Executivo. “Eu não vou com Bolsonaro”.
VISITA DE LULA
Kalil disse ainda que foi convidado para o evento do PT que acontece nesta segunda no Expominas, mas que não participaria. “Vamos ter cuidado, é um momento delicado. O Lula está sendo recebido no nosso estado, como vamos receber bem todos os pré-candidatos. Fui convidado até, mas não vou. Não me sinto à vontade. Estou em um período em que quero viajar para levar minha proposta”, acrescentou.
O ex-prefeito contou também que é da “paz”, mas que se for necessário não vai fugir da guerra. “É o que disse, por enquanto sou da paz. E outra coisa, vamos brincar de cada um apoiar quem quer, que pode pensar diferente. Todo mundo sabe que não tenho medo de briga, rabo preso, não tenho medo de ninguém. Eu aceito gostar do Bolsonaro, outro do Lula, do Ciro, da Simone ou do Doria. Eu aceito que gosta do Cruzeiro, do Atlético. Cada um escolhe, é um jogo político que eu sou muito novo. Nesse negócio eu preciso de ajuda”.
Nesta segunda-feira (9), a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ter simpatia e disposição de apoiar a candidatura de Kalil, mas que isso ainda depende de uma discussão sobre a composição da chapa. Segundo ela, uma “chapa dura é dureza”.
“Tem de lembrar também que Lula está muito bem em Minas Gerais. Melhor que Kalil. Então, o não apoio do PSD para Lula não é um problema só para nós, acho. Acho que é também [um problema] para eles, para Kalil”, ressaltou Gleisi.
COISAS EM COMUM
Kalil ainda falou sobre a gestão da Prefeitura de Belo Horizonte no combate à pandemia do coronavírus. Ao ser questionado sobre o longo período em que comércio e diversos serviços não puderam abrir as portas, o ex-prefeito lembrou sobre os atuais números.
“Belo Horizonte cresceu pós-pandemia 5,2% e São Paulo cresceu 2,5% […] Houve um sacrifício muito grande […] Então a conta é simples assim. Belo Horizonte teve o dobro do desenvolvimento de São Paulo e foi a cidade que teve quase metade das mortes por 100.000 habitantes”, argumentou.
Sem citar Bolsonaro, que por diversas vezes negou a gravidade da pandemia e foi contra o fechamento das atividades econômicas, Kalil disse que buscou obedecer à ciência e às experiências de países que fizeram frente ao vírus.
“Se foi certo ou errado, não houve nenhum sentimento diferente a não ser de proteção das crianças, dos idosos e dos adultos. E sempre guiado pela ciência, por isso tenho muita coisa em comum com um tipo de candidato a presidente da República e não tenho com outro tipo”.