Com inflação, desemprego e renda em queda livre, as vendas do comércio varejista no país variou apenas 1% no mês na comparação com fevereiro
Com a inflação pesando no bolso do povo, as vendas de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuaram -0,2% na passagem de fevereiro para março, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, divulgado nesta terça (10). Na comparação anual, a queda é de -3,4% para este grupo.
As vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria tiveram uma queda de -5,9% em março frente a fevereiro. Ambos os indicadores demonstram que a população não está conseguindo consumir itens básicos diante do aumento generalizado dos preços. Em 12 meses, até março, a taxa de inflação atingiu 11,30%, puxada pelos produtos administrados pelo governo federal, como os combustíveis.
A prévia de abril (IPCA-15) registrou a maior alta para o mês de abril desde 1995, com a taxa no acumulado em 12 meses chegando a 12%. Os preços dos combustíveis continuam sendo o principal vilão para a aceleração do indicador geral. E o governo não dá trégua no aumento dos preços dos combustíveis.
Após ter elevado em 24,9% o preço do diesel para as distribuidoras em 11 de março, a direção da Petrobrás, com o aval do governo Bolsonaro, aumentou hoje (10) o preço do combustível em 8,87%. Com o novo reajuste, o transporte dos alimentos fica mais caro e, consequentemente, os alimentos, entre outras mercadorias, também – agravando a situação das famílias mais carentes do país.
Em abril, o trabalhador comprometeu em média, 61% do salário mínimo para adquirir os produtos da cesta básica, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A cesta mais cara – valores médios – foi encontrada a R$ 803,99 em São Paulo, seguida por R$ 788,00 em Florianópolis, R$ 780,86 em Porto Alegre, e Rio de Janeiro R$ 768,42.
Na era Bolsonaro, em que a inflação reina junto com rebaixamento dos salários, são mais de 33,8 milhões de trabalhadores – 36% do total de ocupados – que sobrevivem com uma renda mensal de até 1 salário mínimo, segundo um levantamento da LCA Consultores, com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral do IBGE.
Comércio Varejista
Em março de 2022, o volume de vendas no comércio varejista nacional cresceu apenas 1,0% frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. O dado positivo foi puxado pelo grupo equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que apresentou alta no período de 13,9%.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, o volume de vendas em março de 2022 aumentou 0,7% frente a fevereiro. De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, esta “recuperação ainda não é difundida entre as atividades, já que seis setores estão abaixo do patamar pré-pandemia, e quatro, acima, considerando o comércio varejista ampliado”.
Desempenho no mês de março das atividades do comércio varejista pesquisadas pelo IBGE, na comparação com fevereiro:
1. Combustíveis e lubrificantes (0,4%)
2. Hiper, supermercados, prods. alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%)
3. Tecidos, vestuário e calçados (0,1%)
4. Móveis e eletrodomésticos (0,2%)
5. Artigos farmacêuticos, med., ortop. e de perfumaria (5,9%)
6. Livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%)
7. Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (13,9%)
8. Outros artigos. de uso pessoal e doméstico (3,4%)
Comércio Varejista Ampliado
9. Veículos e motos, partes e peças (-0,1)
10. Material de construção (2,2%)