Em mais um sinal de que PT e PMDB estão mais unidos do que nunca em sua luta contra a Lava Jato, o ex-ministro a Justiça do governo Dilma Rousseff, o petista José Eduardo Cardozo vai defender a empresa Rodrimar, acusada de pagar propina para Michel Temer em troca de vantagens do governo. A empresa é investigada por ter sido beneficiada por um decreto assinado pelo presidente Michel Temer em maio de 2017.
Cardozo era homem de confiança de Dilma, agora vai ser homem de confiança da Rodrimar. Eles vão traçar juntos uma estratégia para convencer o país de que Michel Temer não recebeu propina para prorrogar o contrato da empresa no Porto de Santos. Vai ser uma tarefa difícil porque as provas são muitas. Se bem que para petistas esse negócio de provas não significa nada. É só lembrar o que eles falaram sobre as provas no caso do triplex do Guarujá. Até o elevador do triplex sumiu na versão interessada dos petistas. Depois apareceu de novo, no anúncio do leilão do imóvel, mas para eles, o elevador continua sendo uma invenção sórdida do juiz Sérgio Moro só para perseguir o Lula.
A dedicação do ex-ministro em defender que Temer não recebeu propina da Rodrimar está em total sintonia do que disse recentemente o ex-presidente Lula sobre Temer. “Sejamos francos: o que tentaram fazer com Temer?”, indagou Lula, ao falar da gravação, feita por Joesley Batista, com orientação da Polícia Federal, de uma reunião dele com Temer. O fato da reunião ter sido secreta, feita na calada da noite na garagem do Palácio do Jaburu, com Temer pedindo propina para Joesley, não tem a menor importância para Lula. Segundo ele, foi tudo uma armação de juízes e da mídia contra o peemedebista.
Lula seguiu em defesa de Temer. “A sordidez da mentira inventada, a troco de conseguir mais um mandato para Janot e de levar o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a ser presidente da República foi uma coisa sórdida”, afirmou o ex-presidente, dando aval à versão de Temer. “E ali”, acrescentou ele, “sou obrigado a reconhecer historicamente que o Temer soube se impor”. Ou seja, Lula elogia a “astúcia” de Temer, que comprou meio mundo no Congresso para livrá-lo. O ex-presidente acrescenta também que o problema não é o Temer. “O problema não é o MDB de Temer, mas sim alguns integrantes do partido”, disse Lula.
Apesar dos esforços de Lula, as provas, como dissemos, são muito robustas. Senão vejamos. Escutas telefônicas divulgadas pelo STF mostraram o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, assessor especial de Michel Temer, defendendo interesses de empresas que atuam nos portos brasileiros, particularmente a Rodirmar. Ricardo Saud relata um episódio em que Rocha Loures indica um executivo da Rodrimar para intemediar propina da JBS.
Rocha Loures: “Então vamos fazer o seguinte. Eu vou verificar com Edgar, se o Edgar… Tem duas opções: o Edgar ou o teu Xará” (Ricardo Mesquita, da Rodrimar) .
Ricardo Saud: “Pra mim é mais confortável com o Edgar”.
Rocha Loures: “Você não conhece e ele também não te conhece”.
Em um desses encontros, em 24 de abril, monitorado pela Lava-Jato, os casos JBS e Rodrimar se encontraram. Rocha Loures chamou Mesquita para um encontro numa cafeteria em São Paulo, onde estava Ricardo Saud, diretor da JBS. Segundo as investigações, Loures e Saud falavam sobre propina. Mesquita chegou e Saud deixou os outros dois a sós. A Rodrimar tinha vendido para a JBS a concessão de um armazém no Porto de Santos que estava com obras embargadas.
O Ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, afirmou, em seu parecer, que “os elementos colhidos revelam que Rocha Loures, homem sabidamente de confiança do presidente Temer, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o próprio presidente, em troca da edição de ato normativo de específico interesse da Rodrimar”. Será uma tarefa árdua para Cardozo convencer o país que a Rodrimar não pagou propina para Temer. A empresa acredita em sua capacidade, já que ele tem bastante experiência com propinas.
Homens comuns falam; os sábios, escutam; os tolos discutem.
O cardozo é igual prova dos “novisfora” = nada.