“O Ocidente declarou guerra híbrida total à Rússia”, disse o ministro das Relações Exteriores
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou no sábado (14) que o Ocidente declarou uma “guerra híbrida total à Rússia” e que o que está sendo decidido hoje é “se a ordem mundial se tornará verdadeiramente justa, democrática e policêntrica, ou se este pequeno grupo de países será capaz de impor à comunidade internacional uma divisão neocolonial do mundo entre aqueles que se consideram excepcionais e outros destinados a fazer a vontade dos eleitos”.
A declaração foi feita na capital do Tajiquistão, Dunshanbe, na 30ª sessão do Conselho de Política Externa e de Defesa da CEI, comunidade que reúne a maior parte dos países ex-soviéticos.
Moscou fez tudo “para evitar um confronto direto”, reiterou o chanceler russo, mas “quando somos desafiados, é claro que aceitamos o desafio”.
Lavrov disse ainda que os países ocidentais abandonaram todas as regras e decência e estão praticando todo tipo de atos hostis contra a Rússia, incluindo roubo. Ele registrou também o “grau de ruptura civilizacional” a que chegaram Washington e seus vassalos.
“O que é surpreendente é o surto absolutamente russófobo, da Idade da Pedra, que ocorreu em todos os países ditos civilizados. O politicamente correto, a decência, as regras e, portanto, também as normas legais foram simplesmente jogadas ao mar. Há uma cultura da abolição [‘Cancelamento’] de tudo que é russo, e todas as ações hostis contra nosso país, incluindo roubos abertos, são permitidas”, enfatizou.
De acordo com o ministro, figuras da cultura russas, artistas, atletas, cientistas, empresários e até cidadãos russos comuns foram perseguidos no Ocidente.
Lavrov acrescentou que a cruzada anti-Rússia não poupou sequer “nossos diplomatas, que muitas vezes têm que trabalhar em condições extremas”. Mesmo nos anos mais sombrios da Guerra Fria não podemos nos lembrar de uma expulsão em massa de diplomatas”.
Para o veterano diplomata, não se trata apenas e nem tanto da Ucrânia. “A Ucrânia é um instrumento, uma ferramenta para conter o desenvolvimento pacífico da Federação Russa como parte de um curso para manter uma ordem mundial unipolar”, disse ele.
Lavrov ressaltou o papel da expansão da OTAN para o leste para o atual estado de coisas. “Discutimos muito por que isso não deveria acontecer. Mostramos onde – e por que – nossas linhas vermelhas estão. Mostramos flexibilidade, vontade de encontrar e buscar compromissos. Tudo isso provou ser em vão. O presidente [Putin] nos lembrou disso novamente em seu discurso de 9 de maio na Praça Vermelha”.
Hoje, os países ocidentais estão prontos para lutar contra a Rússia até o “último ucraniano”, que é uma posição conveniente para os Estados Unidos, que está “dirigindo desde o outro lado do oceano” e enfraquecendo a Europa, disse o ministro das Relações Exteriores russo.
“À primeira vista, esta é uma posição muito conveniente, especialmente para os EUA, que controla os processos do outro lado do oceano, ao mesmo tempo em que enfraquece a Europa ao abrir os mercados dela para seus bens, tecnologia e produtos militares e técnicos”, apontou.
Ainda sobre a pressão dos EUA para manter sua ordem unipolar, Lavrov disse que é isso o que pretende “o conceito de uma ordem mundial baseada em regras que vem sendo implementada há anos”. “Ninguém viu, discutiu ou aprovou essas regras, mas elas estão sendo impostas à comunidade mundial”, enfatizou.
Exemplo disso, Lavrov citou a declaração da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, de que a criação de um novo sistema de Bretton Woods deve começar “com a definição do valor da democracia liberal” e que os Estados Unidos só apoiariam cadeias de suprimentos onde… os envolvidos “respeitem os valores morais e as normas de comportamento”.
“O que é absolutamente claro, em minha opinião”, observou Lavrov, é que. “somente aqueles que cumprem essas regras tão americanas devem ter acesso ao dólar e aos benefícios do sistema financeiro internacional em geral. Aqueles que não as cumprirem, serão punidos”.