
“O que vai acontecer [se Bolsonaro perder] eu não sei, mas é óbvio que isso vai gerar uma revolta em uma parcela considerável da população”, ameaçou o senador, depois de dizer que o TSE não quer democracia
Flávio e Eduardo Bolsonaro são linhas de transmissão das intenções golpistas do pai. O senador, que desviou, segundo o MP-RJ, R$ 6 milhões da Assembleia Legislativa do Estado, mas escapou das garras da Justiça (até agora) porque tem foro privilegiado, resolveu macaquear seu progenitor e ameaçar a eleição de outubro.
Disse, em entrevista ao SBT News nesta quarta-feira (18), que se o TSE não aceitar o que eles querem não vão reconhecer o resultado.
Na mesma quarta-feira (18), a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou à Procuradoria Geral da República (PGR) a abertura de investigação sobre as falas recentes de Jair Bolsonaro nesta mesma direção. Ou seja, falas ameaçadoras às eleições. Agora, Flávio repete a dose. “O que vai acontecer eu não sei se o TSE insistir com essa loucura de querer ter sob sigilo quem faz a apuração das eleições”, disse. “Fica parecendo que estão querendo esconder alguma coisa”, afirmou.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já vinha rebatendo as ameaças de Bolsonaro. Ele afirmou de forma categórica nesta quinta-feira (19) que a democracia pressupõe o “respeito absoluto ao Poder Judiciário”. Não é o que eles estão fazendo e pregando. Os bolsonaros afrontam o Judiciário. “Eles [TSE] não estão preocupados com a democracia, ou em respeitar a vontade da maioria da população e isso é muito grave. O que vai acontecer [se Bolsonaro perder] eu não sei, mas é óbvio que isso vai gerar uma revolta em uma parcela considerável da população”, afirmou Flávio.
Para o “rei da rachadinha”, o resultado só será válido se o “papai” ganhar. Literalmente, foi isso o que ele afirmou. “A gente tem a convicção de que no voto a gente não perde”, disse Flávio. “A rejeição do Lula é altíssima. A rejeição do Lula nunca foi tão alta no Nordeste, aonde em tese ele diz que é forte”, acrescentou.
“O que vai acontecer [se Bolsonaro perder] eu não sei, mas é óbvio que isso vai gerar uma revolta em uma parcela considerável da população. E cabe ao TSE resolver isso. Dar tranquilidade para população saber que está votando em um candidato e o voto está indo para o candidato. Simples assim”. Mais claro, impossível. Se perder é porque roubaram. Esta foi a tônica usada por Donald Trump, guru de Bolsonaro, antes de perder as eleições americanas e insuflar a invasão do Capitólio.
O “zero um” acha que o fato do TSE conduzir a eleição, como sempre fez, é uma “interferência indevida”. “Para quê interferir? Deixa o povo decidir. A gente quer uma coisa transparente, segura. Se eles [ministros do TSE] não querem. Quer dizer, olha o perigo de uma instabilidade assim, que existe se o processo eleitoral acontecer com esse manto da desconfiança. Não dá para prever o que vai acontecer no Brasil”, disse o senador. Com esse tipo de declaração, é evidente que o pedido da ministra Rosa Weber em relação ao presidente tem que ser estendido ao parlamentar golpista.
Repetindo a intenção do Planalto de tentar manipular as Forças Armadas, Flávio também defendeu que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve “aceitar recomendações das Forças Armadas e dar segurança e transparência ao processo eleitoral”.
O senador mentiu ao dizer que as Forças Armadas indicaram ao TSE “vulnerabilidades” relacionadas ao processo eleitoral e que essas questões não foram respondidas. Todas as dúvidas levantadas pelas instituições que participam da comissão de transparência do TSE, inclusive as ForçasArmadas, foram esclarecidas, sendo que os últimos testes, realizados esta semana, confirmaram a inviolabilidade das urnas.