
O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) afirmou que sua destituição da vice-presidência da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, na segunda-feira (23), se deu por pressão de Jair Bolsonaro sobre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
“Sobre o episódio relacionado à vice-presidência da casa, quero dizer que não abordarei temas regimentais ou jurídicos, porque a decisão do presidente da Câmara não é regimental e nem jurídica, é uma decisão política”, disse o parlamentar.
Lira alegou que o ato foi “estritamente regimental” e já convocou eleições internas para escolher o substituto.
O presidente da Câmara convocou eleição para três cargos da Mesa Diretora na sessão do plenário da quarta-feira (25), com votação exclusivamente presencial. A sessão está marcada para as 13h55.
De acordo com a decisão, o cargo de vice-presidente da Câmara ocupado por Ramos estava vinculado ao seu antigo partido, o PL, pelo qual foi eleito para ocupar a cadeira.
Opositor incisivo do presidente, Marcelo Ramos saiu do PL com a chegada de Bolsonaro e se filiou ao PSD. A troca ocorreu fora da janela partidária, mas foi validada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reconheceu “justa causa” na mudança. E também teve a concordância da cúpula do PL.
Segundo o parlamentar, também houve chantagem sobre a possível perda do cargo, caso ele continuasse a criticar o chefe do Executivo.
“Alguns achavam que me chantageavam quando sugeriram meu silêncio nas críticas ao presidente e na defesa do Amazonas para que não me retirassem da vice-presidência da Câmara em um gesto ilegal, arbitrário e antidemocrático. Eu não sou homem de trocar cargo por silêncio. Não troco meu dever de defender 19 milhões de brasileiros, sendo 5 milhões de crianças, que passam fome, 12 milhões de brasileiros desempregados, por cargo”, disse Ramos.
“Fui eleito pelo voto de 396 deputados e deputadas e destituído por 1 e atendendo a uma ordem do Presidente da República”, complementou.
Como vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos também tem presidido as sessões do Congresso Nacional, em um acordo com o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Nas últimas sessões, Ramos tem se negado a votar projetos orçamentários do governo antes da análise de vetos, que trancam a pauta. O posicionamento do deputado incomoda parlamentares governistas.
A decisão do presidente da Câmara também tornou vagos outros dois cargos da Mesa Diretora: a 2ª Secretaria, ocupada pela deputada Marília Arraes (Solidariedade-PE); e a 3ª Secretaria, comandada pela deputada Rose Modesto (União-MS).
Marília trocou o PT pelo Solidariedade, e Rose saiu do PSDB para se filiar ao União Brasil.