Objetivo do indicado é para acelerar a privatização da maior estatal do povo brasileiro. Preços continuam subindo
Em mais um folguedo de encenações, Bolsonaro demite outro presidente da Petrobrás, José Mauro Ferreira Coelho, mas mantém inalterada a política na estatal que levou à explosão dos preços dos combustíveis no Brasil, o PPI (Preço de Paridade Internacional). E, para completar, acelerar o processo de desmonte da companhia para privatizá-la – acabando com a soberania do povo brasileiros sobre as reservas petrolíferas do país.
Bolsonaro indicou para o comando da petroleira Caio Mário Paes de Andrade, que chefia a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, do Ministério da Economia.
Paes de Andrade participa do governo desde o período de transição, por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na demissão do general Joaquim Silva e Luna, Caio Mário foi cotado por Guedes para assumir a companhia, mas prevaleceu a indicação de José Mauro Ferreira Coelho, apadrinhado pelo ex-ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque.
Com a demissão de Albuquerque do MME, Guedes colocou no comando da pasta Adolfo Sachsida, cujo primeiro ato foi um pedido de estudo sobre a privatização da Petrobrás e da empresa responsável pelos contratos do Pré-sal, a PPSA, que é 100% estatal.
Caio Mário Paes de Andrade não entende nada de petróleo e gás. Antes de chegar ao governo, dirigiu provedores de internet (PSINET, Web Force Wentures e HPG), imobiliária (Maber) e empreendimentos do agronegócio.
Na campanha de 2018, Andrade orbitou em meio a empresários bolsonaristas por intermédio de Meyer Nigri dono da Tecnisa – amigo de Jair Bolsonaro, que tem passe livre em vários ministérios e atua junto ao governo pela legalização de cassinos e jogos de azar.
No governo, antes de virar assessor de Paulo Guedes, Paes de Andrade atuou como diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa que o governo Bolsonaro incluiu no programa de privatizações.
Pela Lei de Responsabilidade das Estatais de 2016, Caio Mário Paes de Andrade estaria desqualificado para ocupar o cargo de presidente da Petrobrás. O artigo 17 estabelece a necessidade de cumprir com pelo menos uma de três pré-condições:
1) experiência profissional de, no mínimo, dez anos – no setor público ou privado – na área de atuação da empresa ou em “área conexa” àquela para a qual o profissional for indicado;
2) de quatro anos ocupando direção ou chefia superior em empresa “de porte ou objeto social semelhante” ao da estatal, em cargo no setor público equivalente a DAS-4 ou em cargo de docente/pesquisador naquela área;
3) de quatro anos como profissional liberal em “atividade direta ou indiretamente vinculada” ao campo de atuação da companhia.
ABUSO DE PODER
Paes de Andrade é suspeito de usar a máquina pública para vasculhar dados financeiros de uma empresa rival. Em um processo obtido pela Folha de S. Paulo, a Conclusiva Empreendimento e Participações acusa o Ministério da Economia de ter acessado informações sobre a companhia disponíveis no Serasa sem ter motivos.
A Conclusiva contesta uma arbitragem com a Captalys, que pertence a Luís Cláudio Garcia de Souza, amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois trabalharam juntos no Banco Pactual. A Captalys é presidida por Margot Greenman, esposa de Paes de Andrade até 2020. Leia a matéria completa neste link: Cotado para Petrobrás é acusado de abusar do cargo