Na presença de duas dezenas de jornalistas estrangeiros convidados, a Coreia Popular cumpriu nesta quinta-feira (24) sua promessa de desmantelar completamente seu polígono de testes nucleares em Punggye-ri, no norte do país. Fortes explosões destruíram três túneis e estruturas anexas, conforme documentaram os jornalistas no local, que incluíam gente da RT russa, CNN e Associated Press norte-americanas, Xinhua chinesa, Reuters e Sky News britânicas e mídia sul-coreana.
“A interrupção dos testes nucleares é um processo importante em direção ao desarmamento nuclear global”, afirmou a agência estatal coreana KCNA, que acrescentou que não houve vazamento de material radioativo ou impacto negativo para o meio ambiente. A Coreia Popular realizou seis testes nucleares em Punggye-ri entre outubro de 2006 e setembro de 2017, inclusive de bomba-H.
O jornalista Igor Zhdanov, da RT, relatou que as explosões usadas para destruir os túneis foram “impressionantes”, descrevendo-as como “pequenas erupções de terra e pedra”. “Toda a infraestrutura no local, incluindo postos de controle e de segurança, foi destruída nas explosões”, acrescentou. Demolir os túneis, Zhdanov disse, “foi uma forma real de mostrar como os coreanos estão prontos para fazer concessões reais”.
Conforme a declaração da Coreia Popular, o desmantelamento do campo de testes nucleares foi feito de modo a colapsar todos os túneis de testes por explosão e completamente fechar as entradas, e ao mesmo tempo, explodir algumas instalações e postos de observação no sítio”.
Tom Cheshire, da rede britânica Sky News, disse que ele e os demais jornalistas observaram a explosão a cerca de 500 metros. Houve a contagem três, dois, um, e então “uma grande explosão, que você podia sentir, veio a poeira, o calor, foi extremamente alto (o barulho)”. Já a CNN registrou que sua equipe “no local na montanha remota no norte do país testemunhou explosões nos túneis nucleares 2, 3 e 4, de terraços de observação a cerca de 500 metros”, bem como em instalações anexas e admitiu que “aparentemente” o local estava destruído.
Após voarem de Pequim a Wonsan, na Coreia Popular, os jornalistas haviam sido conduzidos de trem até Punggye-ri, e o objetivo da cerimônia foi, conforme o Instituto de Pesquisa Nuclear da Coreia Popular, “assegurar transparência na descontinuação dos testes nucleares”.
Antes da explosão dos túneis, os jornalistas puderam olhar dentro de três dos quatro túneis (um já estava desativado), já devidamente preparados com explosivos para a detonação. Jornalistas da CNN descreveram os explosivos como sendo “do tamanho de uma bola de futebol”, e visíveis a 35 metros.
Após as explosões, eles foram conduzidos de volta ao local e puderam ver de perto que cada túnel estava destruído, com destroços bloqueando a entrada. “Um dos quatro túneis já não funcionava, e vimos como detonaram os três túneis restantes”, afirmou Semion Senderov, da RT em Espanhol. Ele observou que dois dos túneis eram “totalmente novos e modernos” e preparados para provas nucleares “mas nunca foram usados”.
A conduta de Pyongyang impressionou Sendero, que apontou que “com esse passo o governo da Coreia do Norte quis demonstrar que está cumprindo sua promessa de alcançar a paz e abrir caminho até o diálogo”. “Regressamos a Wonsan desde Punggye-ri na Coreia do Norte após presenciar o histórico desmantelamento do polígono de provas nucleares”.
Horas após a Coreia Popular fazer valer seu compromisso de desmantelar o sítio de testes nucleares, o presidente Donald Trump comunicou que – conforme a expressão da BBC – “estava pulando fora” da cúpula com o presidente Kim Jong Un prevista para o dia 12 de junho em Cingapura, o que foi feito por meio de carta. O que foi considerado pelo Washington Post como um “mau timing” para Trump e que, segundo declaração que reproduziu de um acadêmico sul-coreano, foi Kim quem saiu de “moral alta” do episódio.
A.P.