
Vereador de Araraquara sofreu atentado a bomba vindo de grupo bolsonarista
O vereador de Araraquara, Guilherme Bianco (PCdoB), afirmou, em discurso na Câmara, que o atentado à bomba que sofreu na noite de segunda-feira (30) foi incentivado pelo golpismo de Jair Bolsonaro e seus ataques às instituições.
“O bolsonarismo tem aberto o esgoto da violência. Não é natural as pessoas falarem que vão fechar o Supremo Tribunal Federal (STF)”, falou durante a sessão de terça-feira (31).
A bomba caseira que foi arremessada em sua direção, a partir de um carro que passou em alta velocidade, explodiu no ar e por pouco não o feriu. Guilherme acredita que a intenção era intimidá-lo e fazê-lo parar de denunciar o governo Bolsonaro.
“A gente não pode achar razoável que, porque eu discordo de você, você vai me atacar com uma bomba. Isso é fascismo”, disse.
Para ele, o atentado não foi “um fato isolado” e aconteceu por conta da “banalização” do golpismo. “Temos banalizado a violência, temos achado absolutamente normal atos antidemocráticos”.
“Não vão me calar. Não é a primeira vez que eu sofro ameaça pelo telefone, pelo Whatsapp e, agora, fisicamente”.
Guilherme Bianco afirmou que não vai “parar de denunciar os cortes do Bolsonaro na Educação, não vou parar de falar que é errado o ‘homeschooling’, não vou parar de subir aqui na tribuna e falar que na UNESP, na USP, no IF ninguém vai pagar mensalidade”.
“O Brasil que a gente sonha é um Brasil livre da violência, onde o debate democrático seja muito maior do que essa barbárie da fake news”, continuou o vereador.
“Vou seguir conversando com as milhões de pessoas que estão, em Araraquara e no Brasil, dispostas a ficar de pé para derrotar a lama do Bolsonaro e construir um Brasil que sorria para todos e para todas, um Brasil que seja solidário”.
“O meu trabalho é toda semana vir aqui defender o Brasil, defender a juventude, defender o povo pobre desse país, que está na lama do desemprego, da inflação e do juros” causadas pelo governo Bolsonaro, enfatizou.
“Me atacaram pelas ideias que eu represento, pelo partido ao qual sou filiado, pelo Brasil que eu quero construir e pelo sonho que eu divido todos os dias com milhões de brasileiros”, comentou.
No discurso, Guilherme disse que gostaria de estar na Câmara “falando dos feitos no bairro do Carmo, da revitalização da [avenida] 7 de setembro, eu queria estar falando que nosso deputado [Orlando Silva] mandou mais R$ 500 mil para a gente construir uma área de lazer no Jardim Paraíso”.
Porém, “eu sou obrigado a vir à tribuna denunciar que a violência está se abatendo sobre a política de Araraquara, e isso não é qualquer coisa”.
O discurso de Guilherme Bianco foi aplaudido de pé pelos vereadores presentes. Os bolsonaristas que estavam acompanhando a sessão de dentro do plenário ficaram de braços cruzados.
VEREADORES SE SOLIDARIZAM
O presidente da Câmara Municipal de Araraquara, Aluisio Boi (MDB), disse que “esta Casa é solidária com vossa excelência [Guilherme Bianco] e dará todo o respaldo para que os fatos sejam apurados”.
O atentado ocorreu na saída lateral da Câmara, na Avenida Duque de Caxias. As imagens das câmeras de segurança serão disponibilizadas pela Casa à Polícia Civil, que vai realizar a investigação.
A vereadora Thainara Faria (PT) apoiou Guilherme e afirmou que ele “foi vítima de um ataque criminoso, com certeza incentivado por pessoas que não aceitam a democracia, não aceitam o resultado legítimo das urnas e não aceitam uma pessoa que tem um posicionamento tão firme e tão coerente quanto o Guilherme Bianco”.
“Araraquara não é a cidade do ódio, não é essa cidade que joga bomba em vereador, que persegue político no restaurante, que quebra vidro da Câmara Municipal. O cidadão araraquarense é uma pessoa de paz”, acrescentou Thainara.
O vereador João Clemente (PSDB) se solidarizou com Guilherme, a quem chamou de “amigo”, pelo atentado sofrido e contou, em discurso, que os dois estavam conversando dentro da Câmara momentos antes do ataque. Clemente pediu uma mobilização entre os vereadores para que a segurança ao redor da Câmara seja reforçada.