Estudo da FGV com 170 países estima que a taxa de investimento do Brasil em 2022 deve ser menor do que a de 82% dos países
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que a taxa de investimento do Brasil deve ser menor que a de 82% dos países em 2022. O estudo feito pela pesquisadora Juliana Trece tem como base as últimas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global e as estimativas do Monitor do PIB-FGV para o 1º trimestre.
Entre 170 países, estima-se que 139 terão uma taxa de investimento – razão entre a Formação Bruta de Capital Fixo e o Produto Interno Bruto (PIB) maior do que o Brasil. A taxa de investimento prevista para o Brasil este ano é de 18,4% do PIB, contra 19,2% em 2021 – nível de investimentos abaixo do patamar de 2013 (20,9%) e longe do pico de 26,9% registrado em 1989. Já a taxa de investimento médio no mundo no ano é projetada em 27,3% para a lista de 170 países, o que representaria um avanço diante dos 26,7% do ano passado.
A previsão de investimentos no Brasil está a léguas de distância da taxa de investimento prevista para China (42,5%), Coreia (33,5%), Índia (32,11%) e Turquia (31,7%). Mas também fica atrás da Argentina (19,6%), Angola (21,0%), México (21,9%), EUA (22,1%), Peru (25,1%), por exemplo.
A taxa de investimentos engloba tudo o que se investe em máquinas e equipamentos, bens duráveis, aumento da capacidade produtiva, construção civil, infraestrutura, além de pesquisa e desenvolvimento. O avanço dos investimentos impulsiona a economia para o crescimento, o que, consequentemente, proporciona o aumento de abertura de novas empresas, geração de novos empregos, saltos tecnológicos e científicos, entre outros benefícios para a população de um país.
Juliana Trece frisa que “uma taxa de investimento mais elevada tem uma relação direta com o crescimento da economia e com o emprego. Quando a gente olha o cenário internacional e vê que o Brasil está com um nível muito mais baixo, isso mostra problemas também para a geração de novas vagas”, diz ao G1, que antecipou a divulgação do estudo.
Nos últimos anos, o Brasil vem enfrentando um processo profundo de estagnação econômica, com desindustrialização e o desemprego acima da casa dos dois dígitos, por consequências do arrocho fiscal sobre o investimento público promovido tanto pela regra do teto de gastos ( que congelou por 20 anos o crescimento das despesas obrigatórias do governo, limitando seu reajuste ao índice de inflação do ano anterior), mas também pela desatinada política econômica do governo Bolsonaro, que proporcionou deliberadamente o desmonte do setor público, corte de investimentos, arrocho salarial, juros altos e jogou o país na inflação.