O senador Roberto Requião (PMDB-PR) anunciou, em discurso feito na última quarta-feira (23), que pretende disputar com o banqueiro Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central do governo Lula, a indicação do PMDB para disputar a eleição presidencial de outubro pelo partido.
Em diversos momentos o senador paranaense foi chamado a disputar o comando do PMDB e a disputar as eleições presidenciais. Em alguns desses momentos, ele preferiu disputar eleições regionais ou simplesmente indicar, como ele mesmo relata, nomes que não conseguiam vencer os setores mais atrasados do partido. Agora, tudo indica, Requião, está decidido, pelo menos é o que se depreende de seu discurso, a disputar a indicação contra Henrique Meirelles.
Nos principais trechos do discurso, que publicamos abaixo, Requião lembra que o documento “Uma Ponte para o Futuro”, que marcou a adesão integral do partido ao neoliberalismo, não representa o pensamento do partido. “Todas as propostas contidas na ‘Ponte para o Futuro’, como a reforma trabalhista, a inacreditável emenda constitucional que congelou os gastos públicos por 20 anos, a política de desinvestimento da Petrobrás, a política de austeridade fiscal que leva à contenção dos investimentos públicos na saúde, educação, segurança, infraestrutura, habitação, saneamento agricultura, pesquisas e inovação está levando o Brasil a galope para o buraco”, disse Requião.
O senador paranaense frisou que o ideário peemedebista “consubstancia-se com a adoção do programa “Mudança e Esperança”, em 1982″. “E como, nesses 36 anos, o PMDB não se reuniu em convenção para mudar tanto os Estatutos quanto o Programa eles continuam vigentes e a eles devemos lealdade e respeito”, afirmou.
“O programa “Mudança e Esperança” aprovado por Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Itamar Franco, Pedro Simon, Mário Covas, Franco Montoro, Orestes Quércia, Teotônio Vilela, Paulo Brossard, Pedroso Horta, Freitas Nobre, Alencar Furtado, Marcos Freire, Fernando Lira, Rafael de Almeida Magalhães, Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares, Luís Gonzaga Belluzzo, Luís Henrique da Silveira, Jarbas Vasconcelos, Chico Pinto, Paes de Andrade, Iris Rezende, Hélio Garcia, Cristina Tavares, entre outros tantos companheiros, é tido por historiadores, economistas e políticos comprometidos com o Brasil, como a mais completa e avançada proposta para a construção de um país desenvolvido, soberano, seguro e bom para todos”, lembrou.
“O país foi arremessado a uma das mais arrasadoras crises de sua história e os engenheiros do caminho que levou a vaca para o brejo querem sequestrar o nosso partido para aprofundar e ampliar o atoleiro. Minha proposta é o oposto, exatamente o inverso do que esse modelo falido, inexequível e calamitoso impõe ao Brasil. Onde eles tiram, diminuem e enfraquecem o Estado, eu recoloco o Estado e fortaleço-o. Qualquer ser humano minimamente dotado sabe que em situações de crise quem puxa a reativação da economia e dá partida para o crescimento é o Estado, são os investimentos públicos”, defendeu Requião.
O peemedebista defendeu uma forte presença do estado na economia. “Porque a economia em movimento, puxada pelos investimentos estatais, faz crescer a produção, o emprego, o consumo, a arrecadação de tributos. É a roda que gira, mas que se torna quadrada quando esse bando de gente inexpressiva, de fronteiriços possuídos pela ideologia do equilíbrio fiscal desmantelam a produção industrial, exterminam os empregos, empobrecem a população, e exibem triunfantes os seus livros-caixa”, assinalou.
“Onde eles tiram, afastam, diminuem ou eliminam o Estado, eu reconstruo a capacidade do Estado de alavancar a economia. Onde eles destroem o Estado de Bem-estar Social, eu recomponho o orçamento público destinado à saúde, à educação, à segurança, à habitação popular, à infraestrutura aeroportuária, rodoviária, ferroviária, aquaviária e de transporte urbano de passageiros.
Onde eles banem, excluem o Estado, confiando o país e a vida das pessoas à mão invisível do mercado, eu restauro o planejamento público e convoco a formidável capacidade pensar dos brasileiros para, a curtíssimo prazo, tirar o país do sorvedouro neoliberal e, a média e longo prazos, construir as bases do Brasil do futuro. Onde eles aniquilam a pesquisa, a inovação e a tecnologia, eu transformo a ciência e as humanidades em ferramentas do desenvolvimento, do progresso, da riqueza nacional, do bem-estar de todos os brasileiros.
Onde eles renunciam à soberania nacional, traem o país, cedem o petróleo e os minérios, vendem as terras e querem privatizar a água que bebemos e que movem as nossas hidrelétricas, eu retomo o pré-sal, nacionalizo as riquezas do subsolo, proíbo a venda de terras, declaro as nossas águas um bem de todo o povo, fora do mercado, e preservo a propriedade estatal sobre as hidrelétricas. Onde eles financeirizam a economia, e tornam todas as atividades dominadas pelo dinheiro, pelos bancos, pelo mercado financeiro, pela agiotagem, pelos juros, eu faço prevalecer o capital produtivo e o trabalho”, completou Requião, ao anunciar sua intenção de disputar a indicação do PMDB.