A Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou a Polícia Federal para investigar pelo menos três brasileiros que abordaram o procurador-geral da República, Augusto Aras, enquanto ele passeava pelas ruas de Paris, na França, em abril deste ano.
O pedido foi assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, aliada de Aras na PGR. As informações são do jornal “Folha de S.Paulo”.
Lindôra cita crimes contra as instituições conforme um artigo da lei nº 14.197. O dispositivo diz que é crime tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Não houve violência nem grave ameaça a Aras.
Um vídeo divulgado nas redes sociais à época mostra um grupo de brasileiros cobrando Aras a abrir uma investigação sobre o esquema de corrupção montado por Jair Bolsonaro (PL) junto com pastores no Ministério da Educação, que ficou conhecido como “Bolsolão do MEC”.
“Dar rolezinho em Paris é legal, mas e abrir processo? Vamos investigar o bolsolão do MEC, procurador?”, cobrou um brasileiro, que filmou a cena pelas ruas da capital francesa.
“Vamos investigar lá os pastores no MEC, o Bolsonaro gastando milhões em Viagra para o Exército…”, listou o brasileiro.
Segundo o jornal apurou, apesar de Lindôra ter tentado qualificar a conduta do grupo como crime contra as instituições, a PF abriu inquérito para investigar os críticos de Aras por injúria e difamação, mas não pelos supostos crimes citados pela vice-procuradora-geral.
O caso é diferente, por exemplo, do que levou a Justiça de São Paulo a condenar dois bolsonaristas que fizeram ameaças e promoveram atos de vandalismo em frente à residência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Nesse caso, a denúncia do Ministério Público aponta que um caixão foi amarrado a um carro de som que estacionou em frente ao prédio onde mora Moraes.
Com o carro de som, o engenheiro Antônio Carlos Bronzeri, de 65 anos, e o autônomo Jurandir Alencar, de 59, falaram que o ministro e seus familiares “jamais poderão sair nas ruas deste país”. Os dois também gritaram “abaixo STF” e “o Brasil é nosso”.
De acordo com a “Folha”, a PF ouviu algumas das pessoas que estavam no grupo e criticaram Aras assim que elas retornaram da viagem, ainda no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, numa atitude de perseguição aos manifestantes.