“No presente cenário de dificuldades, representa uma estratégia monetária irresponsável perante a população brasileira, cuja prioridade é a criação de empregos, o aumento dos investimentos e a retomada do crescimento econômico”, afirmou Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp e presidente da Ciesp
O setor produtivo condenou mais um aumento de juros pelo Banco Central na quarta-feira (15), elevando a taxa básica de juros (Selic) para 13,25%. Foi a décima primeira elevação consecutiva da Selic, o maior nível desde janeiro de 2017, quando estava em 13,75% ao ano.
O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e 1º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Rafael Cervone, considerou a “Selic exagerada”.
“A Selic exagerada, no presente cenário de dificuldades, representa uma estratégia monetária irresponsável perante a população brasileira, cuja prioridade é a criação de empregos, o aumento dos investimentos e a retomada do crescimento econômico”, afirmou. Para Cervone, o problema é ainda mais grave se considerado o fato de que a escalada dos juros desde 2021 não está contendo a inflação.
O dirigente da Ciesp considerou também que é na oferta de crédito já se percebem os impactos desse forte aperto monetário, como é o caso da concessão de empréstimo pessoal e do financiamento imobiliário. Segundo ele, refletindo essa “ação descabida” da política monetária, as expectativas para a atividade econômica no segundo semestre e para 2023 não são positivas.
“Isso é péssimo para um país com cerca de 11 milhões de desempregados, que já vinha exibindo baixo crescimento antes da pandemia e que precisa conquistar aumento expressivo do PIB para reverter a preocupante expansão do contingente de habitantes abaixo da linha da miséria”, declarou o presidente da Ciesp.
CNI: DECISÃO EQUIVOCADA QUE TRARÁ QUEDA NO CONSUMO, DA PRODUÇÃO E DO EMPREGO
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “equivocada” a decisão de elevar a Selic para 13,25% ao ano. A taxa básica de juros vem sendo elevada desde março de 2021 e, desde dezembro, a taxa real se encontra em patamar que inibe a atividade econômica, diz a entidade.
“Este aumento adicional da taxa de juros no momento é desnecessário para o controle da inflação e trará custos adicionais à economia, como queda do consumo, da produção e do emprego”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
De acordo com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o aumento dos juros “sacrifica ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza”. “O setor produtivo brasileiro ainda convive com os efeitos da alta dos custos de produção e a população sofre com a deterioração da renda”, diz a entidade em nota.
PREJUDICA INVESTIMENTOS, CONSUMO E VENDAS
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, “o impacto no comércio também pode ser negativo, pois o crédito junto aos bancos ficará mais caro para lojistas e empresários. Nessa situação, o comerciante precisa repassar a diferença para o consumidor. Isso se torna um efeito dominó onde produtividade, investimentos, consumo e vendas são simultaneamente prejudicados”.
“Os reflexos podem ser baixa produtividade, alta inflação, desemprego e diminuição da renda em circulação” destacou o presidente.