Ex-ministro Milton Ribeiro e dois pastores ligados ao Planalto foram flagrados num esquema criminoso de cobrança de propina para a liberação de verbas do FNDE. Eles foram presos ontem e soltos hoje. PF diz que foi criada organização criminosa dentro do MEC
A oposição anunciou que reuniu as 27 assinaturas para pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o escândalo de propinas no Ministério da Educação. Nesta quinta-feira (23), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chamou e imprensa para informar que foi conseguida a 27ª assinatura, número mínimo necessário para abrir uma CPI.
O senador explicou, no entanto, que vai tentar conseguir outras três pelo menos até a próxima terça, para então protocolar o requerimento. O objetivo é se vacinar contra eventuais retiradas de apoios por pressão da base do governo Bolsonaro, o que já tinha ocorrido em abril. Ele disse que vai tentar obter ainda as assinaturas dos senadores Otto Alencar (PSD-BA), Marcelo Castro (MDB-PI) e Izalci Lucas (PSDB-DF), para dar a “robustez necessária” à comissão.
O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro havia sido preso na quarta-feira (22) na Operação da Policia Federal batizada de Acesso Pago. Junto com o ex-ministro foram presos também os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, o advogado Luciano Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu. A Polícia Federal, em seu relatório que pediu a prisão, afirma que a dupla de pastores atuava atuava dentro do MEC durante a gestão de Milton Ribeiro usou contas de parentes para receber a propina decorrente dos negócios na pasta.
A Policia Federal também constatou que a esposa do ex-ministro recebeu e cedeu valores a parentes da dupla de pastores.
O ex-ministro foi flagrado numa gravação dizendo que o mentor de tudo era Jair Bolsonaro. Os dois pastores foram denunciados por prefeitos por exigirem propina em troca da liberação de verbas. Em que pese todas as provas dos crimes, na tarde desta quinta-feira (23) o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mandou soltar os presos. ele preferiu adotar as medidas cautelares.
A prisão do ex-ministro caiu como uma bomba na campanha de Bolsonaro, que forçava uma narrativa fajuta de que não há corrupção nem seu governo. O que o episódio revela é que o que não há neste governo é a apuração de corrupção. Quem denuncia qualquer malfeito no governo Bolsonaro é perseguido e ameaçado por Bolsonaro e por suas milícias digitais e físicas. Hoje mesmo o juiz que decretou a prisão do ex-ministro denunciou que recebeu centenas de ameaças.
Bolsonaro faz esta demagogia porque perseguiu e tentou anular todos os órgãos de combate à corrupção. Começou pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), depois perseguiu funcionários da Receita Federal, em seguida nomeou Augusto Aras para acobertar investigações na Procuradoria Geral da República e buscou de todas as formas aparelhar a Polícia Federal.
Qualquer um que denunciasse corrupção dentro de seu governo sofria ameaças. Este foi o caso do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, que denunciou a propina da Covaxin. Ele foi exonerado e hoje vive fora do Brasil com sua família depois de sofrer ameaças de morte.
O ex-ministro de Bolsonaro foi detido pela Polícia Federal e está sendo investigado por corrupção passiva; prevaricação (quando um funcionário público ‘retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício’, ou se o pratica ‘contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal’); advocacia administrativa (quando um servidor público defende interesses particulares junto ao órgão da administração pública onde exerce suas funções); e tráfico de influência. Agora, ele responderá pelos crimes em liberdade.
Veja abaixo quem assinou:
- Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
- Paulo Paim (PT-RS)
- Humberto Costa (PT-PE)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Jorge Kajuru (Podemos-GO)
- Zenaide Maia (Pros-RN)
- Paulo Rocha (PT-PA)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Reguffe (União Brasil-DF)
- Leila Barros (PDT-DF)
- Jean Paul Prates (PT-RN)
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Eliziane Gama (Cidadania-MA)
- Mara Gabrilli (PSDB-SP)
- Nilda Gondim (MDB-PB)
- Veneziano Vital do Rego (MDB-PB)
- José Serra (PSDB-SP)
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Tasso Jereissati (PSDB-CE)
- Cid Gomes (PDT-CE)
- Alessandro Vieira (PSDB-SE)
- Dario Berger (PSB-SC)
- Simone Tebet (MDB-MS)
- Soraya Thronicke (União Brasil-MS)
- Rafael Tenório (MDB-AL)
- Giordano (MDB-SP)
Leia mais