Reportagem divulgada pela CNN Brasil, no último dia 20, mostrou que o indigenista Bruno Pereira, barbaramente assassinado junto ao jornalista Dom Phillips, fez denúncias de perseguição por parte do governo.
Em áudio, datado de 12 de maio, Bruno relata perseguição contra ele desde que se licenciou da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2019, e contra demais servidores que atuavam na defesa da população indígena e de seu território.
“É isso, é isso que a gente passa, mas eu já senti. Eu, de boa, quando eu pedi meu afastamento, eu sabia que ia ser dessa forma, sabe? Sabia que ia ser uma luta ferrenha e estava preparado para isso, tenho meus filhos pequenos para dar de comer também, tenho toda uma história, tenho minha imagem, eu tenho também minha reputação que eu, pelo que eu já lutei, já vivi, mas eu não conseguiria ficar ali, caladinho”, disse Bruno.
Bruno denuncia que os responsáveis pela DAS, Direção e Assessoramento Superior, fingem que a autarquia não virou um órgão totalmente tomado pela política anti-indígena. “O fulaninho do DAS 1, para se garantir, fica fingindo que esse governo não é anti-indígena, mas nós que estamos aqui. Quem é tu cara pálida? Foi totalmente abduzida, tomada, se apropriaram da Funai, todos nós sabemos disso”, afirma o indigenista.
“Mas isso aí só gera raiva e mais luta, né? Não vamos baixar a cabeça, não. Força aí, não desanime. […] Estar perto de mim é criptonita, é tóxico para essa direção. Eu me sinto bem por isso. Triste pelo todo, né? Bem no sentido de que bom que eles sabem muito bem o terreno marcado pelo que eu luto, né? […] Eu sei de que lado e quais as lutas que eu estou combatendo, né? Onde a gente está ganhando e onde a gente está perdendo”.
Em outro áudio do mês de maio, divulgado pela Globo News, Bruno Pereira também denunciou crimes de garimpeiros na Terra Indígena Vale do Javari. O servidor relata a presença de garimpeiros ilegais na região, afirmando que os trabalhadores ilegais estavam do lado da “aldeia antiga” com as dragas, embarcações para garimpo que revolvem o fundo de um rio para filtrar o ouro e que “o Rio Coruru está empestado de balsa de garimpo”.