
Os genros dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e um ex-assessor do Ministério da Educação, Luciano Musse, receberam depósitos que somam R$ 67 mil por negociações de verba do Ministério e eventos com o então ministro, Milton Ribeiro.
Wesley Costa de Jesus, genro de Gilmar Santos, recebeu R$ 17 mil em um depósito feito no dia 5 de agosto de 2021.
No mesmo dia, Hélder Bartolomeu, genro de Arilton Moura, recebeu R$ 30 mil e o então assessor do MEC, Luciano Musse, recebeu R$ 30 mil. Ao todo, foram R$ 67 mil em propina.
Os comprovantes dos depósitos foram entregues pelo empresário José Edvaldo Brito à Controladoria-Geral da União (CGU) e obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo.
Os depósitos fazem parte do esquema dos pastores Gilmar e Arilton para liberar verbas do Ministério da Educação para prefeituras. O ex-ministro Milton Ribeiro, para quem Bolsonaro falou que tinha absoluta confiança e colocaria “a cara toda no fogo”, foi preso pela PF no âmbito da investigação.
Edvaldo Brito, presidente do Avante de Piracicaba, ouviu que os pastores Arilton e Gilmar controlavam a agenda do ministro Milton Ribeiro e foi atrás deles para conseguir um evento.
Ele foi até o hotel Grand Bittar em Brasília, que era a “sede” do gabinete paralelo dos pastores, e se reuniu com Luciano Musse, que estava cotado como assessor no MEC.
“Uma pessoa me indicou que procurasse os pastores no hotel, e fui lá. Depois é que o Arilton falou do trabalho da igreja e pediu uma doação missionária”, narrou o empresário.
Edvaldo falou que foi Arilton quem passou os dados das três contas que receberam a propina. Quem realizou o depósito foi outro empresário da região de Piracicaba, Danilo Felipe Franco.
Segundo Edvaldo, nenhum dos dois estava pensando nos pagamentos como propina, mas como “doação”.
Sua percepção mudou depois que os valores exigidos por Arilton passaram a crescer. No dia 7 de agosto, quando foi realizado um evento com Milton Ribeiro em Nova Odessa (SP), Arilton Moura pediu mais R$ 10 mil para o empresário.
Além dos R$ 67 mil transferidos, Edvaldo comprou passagens aéreas no valor de R$ 23,9 mil para os amigos de Arilton Moura.
O empresário depôs duas vezes à CGU, sendo que na segunda entregou os comprovantes dos depósitos.