Paola Pabón, governadora da província de Pichincha, onde fica a capital Quito, denuncia mais uma manobra de Lasso, que se soma à violenta repressão policial às manifestações populares contra a carestia, razão pela qual o processo de impeachment contra o presidente do Equador está em andamento no Congresso do país
A governadora Paola Pabón, de Pichincha, fez um alerta à comunidade internacional neste sábado para a tentativa do presidente Guillermo Lasso responsabilizá-la – sem provas nem qualquer sustentação legal – e aos dirigentes da Revolução Cidadã que permanecem no país (cujo principal líder, Rafael Correa, está exilado na Bélgica), de serem responsáveis pela violência durante as manifestações populares em curso no país. Segundo Paola, a intenção política é clara, repetindo o mesmo guia dos protestos utilizados em outubro de 2019 pelo presidente Moreno para perseguir e encarcerar completamente à margem da lei, lideranças como ela, governadora do Estado em que está Quito, identificadas com o processo de mudanças iniciado pelo ex-presidente Rafael Correa.
Segue a íntegra do comunicado da governadora Paola Pabón:
Hoje, 25 de junho, me sinto obrigada a comunicar, para evitar que a cidadania receba informação falsa, dolosa e que seja enganada por quem a fabrica. Em outubro de 2019, durante os protestos contra Moreno, fui difamada de forma permanente e por uma notícia falsa de redes sociais se construiu uma história que meios de comunicação e atores políticos amplificaram.
Produto dessa mentira sem provas me silenciaram, detiveram e encarceraram e portei algemas por quase dois anos. Nem em outubro de 2019 nem agora em 2022 participei de nenhuma forma dos protestos nem cometi nenhum delito. Quero advertir e denunciar perante a cidadania equatoriana e a comunidade internacional que estão pretendendo montar outra farsa como aquela da que foi vítima em 2019. A cidadania merece respeito. Minha família e eu também merecemos respeito.
É público que desde o primeiro dia que iniciou a greve, em 13 de junho, me mantive fora de qualquer acontecimento relacionado ao protesto social. Como governadora tomei medidas administrativas para proteger a segurança dos trabalhadores e servidores da instituição que cumprem suas atividades laborais na modalidade do home-office e coloquei a maquinaria pesada sob guarda, cuidado e custódia nos lugares determinados para este fim.
Na quarta-feira, 22 de junho, convoquei os trabalhadores para a Assembleia da Província a fim de avaliar a situação crítica pela qual passa nosso país e nossa província onde expressei o sentimento que retomemos a paz, a tranquilidade e a normalidade através do diálogo e respeitando sempre a democracia. Assim consta no manifesto que assinamos junto às demais autoridades da província.
No entanto, desde alguns dias começaram a circular mentiras dolosas em redes sociais sobre supostas participações de funcionários do governo estadual ou minhas em temas relacionados com a mobilização liderada pela Confederação de Nacionais Indígenas do Equador (Conaie). Inclusive pretenderam citar minha suposta participação durante dias em que sequer me encontrava no país. Nos acusaram sem qualquer fundamento de uma suposta estrutura da Prefeitura, o que não só foi desmentido, como iniciei um processo judicial porque não vou mais tolerar que mintam à cidadania e venham com difamações contra minha pessoa.
Neste sábado, 25 de junho, amanheci com a novidade de que mais uma vez pretendem me envolver com a greve por meio de novas mentiras dolosas. Resulta que puseram para circular novos correios eletrônicos, entre aspas, com meu nome. Montagens mentirosas cujo conteúdo foi desmentido pelo comunicador da Conaie, diante do que hoje acionei a autoridade pública para verificar que em meus e-mails não existe nenhuma destas mensagens, nenhuma. Mais uma montagem grosseira.
Quero expressar meu absoluto rechaço e indignação frente a esses fatos delitivos que só evidenciam a má-fé desses atores políticos que perderam a compostura. E lamentavelmente alguns meios de comunicação e atores que exercem o cargo de jornalistas e que, com absoluta maledicência, replicaram essas notícias falsas sem verificar, com a única intenção de me causar dano.
Quero que a justiça faça novamente uma checagem e não permita que circulem estas mentiras. Não vou permitir que me caluniem, que me imputem atos que não cometi e, pior ainda, que pretendam enganar a cidadania com montagens, notícias falsas e mentiras. E isso não é casualidade. Nos atacam com mentiras e montagens porque nos temem, porque no fundo não têm razão para nos acusar.
Exijo respeito à cidadania, à minha pessoa e ao Estado de Pichincha. Não vou permitir que quem fabrica mentiras volte a nos fazer dano. Já o vivi, já o sofri, tentaram me tirar o cargo, me perseguiram, me detiveram e sigo aqui servindo a Pichincha. Suas calúnias só me fazem mais forte. No pessoal e no político. Seguirei aqui. Ficarei aqui servindo a Pichincha e a vocês eu responderei com a Justiça.
IMPEACHMENT EM ANDAMENTO
Está em andamento no Congresso do Equador o processo de impeachment do presidente Guillermo Lasso, acusado de comandar violenta repressão ao levante popular que ocorre no país com a economia levando a uma carestia agravada com elevação do desemprego.
Uma vez concluído o debate, os legisladores equatorianos terão 72 horas para votar se procede ou não a medida contra o presidente que, para ser aprovada requer no mínimo de 92 dos 137 deputados do Congresso.
Se aprovado, o poder é assumido pelo vice-presidente, Alfredo Borrero e são convocadas eleições presidenciais e legislativas para o restante do mandato que vai até 2025.
Em meio ao acirrado debate e protestos populares contra a repressão, Lasso revogou o estado de emergência imposto em seis províncias o país.