Os dirigentes das entidades de caminhoneiros estão comemorando as conquistas obtidas após a greve que mobilizou o país pela redução dos preços do combustível, na última semana.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, os caminhoneiros podem voltar “satisfeitos e orgulhosos para o trabalho. Conseguimos parar este país e sermos reconhecidos pela sociedade brasileira e pelo Governo deste país. Nossa manifestação foi única, como nunca ocorreu na história. Seremos lembrados como aqueles que não cederam diante das negativas do Governo e da pressão dos empresários do setor. Teremos o reconhecimento da nossa profissão, de que nosso trabalho é primordial para o desenvolvimento deste país. Voltem com a sensação de missão cumprida, mas lembrando que a luta não termina aqui”, afirmou Lopes.
Diumar Deléo Cunha Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), também ressaltou que “nosso movimento até aqui foi extraordinário”. “De forma organizada paramos o país e ganhamos o reconhecimento e respeito da sociedade. Nossa pauta inicial e prioritária foi plenamente atendida pelo governo”.
A pressão da greve, somada ao apoio em massa de toda a população e de diversas outras categorias, rompeu a intransigência de Temer, que se viu obrigado a atender o pleito e anunciar a redução em R$ 0,46 no valor do litro do diesel na bomba. Na terça-feira, 29, por meio de intermediação do governador de São Paulo, Márcio França, foi definido que essa redução seja sobre o valor em que o diesel estava na bomba no domingo (19), e ainda, a suspensão por 60 dias de novos aumentos e um espaço entre eventuais reajustes de pelo menos 30 dias.
Além da redução do preço do diesel, o movimento dos caminhoneiros garantiu a conquista de reivindicações históricas da categoria. Por meio de Medidas Provisórias (MP 831, MP 832 e MP 833), foram garantidas as seguintes reivindicações:
– Determinou-se que 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sejam feitos por caminhoneiros autônomos, contratados por meio de cooperativas, entidades sindicais ou associações;
– A instituição da Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Carga: o governo publicará duas vezes por ano uma tabela de preço mínimo de frete por quilômetro, de acordo com o tipo de mercadoria transportado, com início nos próximos cinco dias. A tabela será publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a primeira delas com prazo até o dia 20 de janeiro de 2019;
– E a isenção de cobrança de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, em rodovias federais, estaduais e municipais, inclusive as que foram concedidas à iniciativa privada.
Para o presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo Silva, o China, essas conquistas representam “grande vantagem”. “O ponto principal era o aumento do óleo diesel. Agora o governo já fez o pronunciamento e cabe às entidades fazerem a comunicação”, declarou, se manifestando sobre o fim da greve.
“Foi uma grande conquista”, afirmou Carlos Alberto Litti Dahmer, presidente Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí, no Rio Grande do Sul, e vice-presidente da CGTB. “O movimento dos caminhoneiros sai vitorioso desse pleito. Pelo nosso ponto dos autônomos, está resolvido. Estamos defendendo a categoria, e o que o setor pediu está sendo atendido, é isso que importa. Mesmo com todas as dificuldades, a população esteve nos apoiando sempre, o que fortaleceu o movimento, que é justo”, disse o líder caminhoneiro.
Para os dirigentes, o movimento deu força para que seja derrubada a política aplicada por Pedro Parente na Petrobrás, que cobra pelos combustíveis um preço acima do que é cobrado internacionalmente, atrelando seu reajuste ao dólar. O que aconteceu é que em um mês, entre 22 de abril e 22 de maio, o preço subiu 18% na bomba.
José Cícero Rodrigues, diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), ressaltou que essa política de Pedro Parente, de manter os preços do combustível acima dos preços internacionais, os atrelando ao dólar, com o único objetivo de aumentar os lucros das multinacionais que importam derivados de petróleo, tem que mudar.