O presidente Pedro Castillo anunciou seu afastamento do partido Peru Livre, nesta quinta-feira (30), depois que seus líderes lhe pediram para deixar a legenda com a acusação de ter promovido a dissidência interna e implementado um “programa neoliberal perdedor”.
O conflito entre Castillo e o partido com o qual chegou ao poder em 2021 ocorre quando uma comissão do Congresso Legislativo que investiga o presidente por corrupção aprovou, na mesma quinta-feira, um informe que o acusa por delitos que podem acarretar um pedido de sua destituição do cargo, que ocupa há 11 meses.
O secretário-geral do Peru Livre, Vladimir Cerrón, informou que a decisão de solicitar o afastamento de Castillo de sua militância foi tomada, “por unanimidade”, pelo Comitê Executivo Nacional, pela Comissão Política e pela bancada legislativa do partido.
O Peru Livre afirmou que as causas são de conhecimento público, e são a quebra da unidade parlamentar fraturando a bancada do Congresso, com convites a dissidentes, promoção da inscrição de dois grupos políticos paralelos dentro do partido e adoção de políticas de governo que não estão de acordo com o que foi prometido durante a campanha eleitoral e menos ainda com o programa do partido.
Além disso, ele é acusado de um caso de corrupção na obra da ponte Tarará com um desvio de cerca de 62 milhões de dólares pelos quais teria se juntado aos lobistas Karelim López e Zamir Villaverde.
Em um ano de gestão, o presidente peruano que se filiou ao Peru Livre em setembro de 2020, depois de ganhar visibilidade ao liderar uma greve de professores, modificou seu gabinete em cinco ocasiões, fruto das quais os partidários do Peru Livre e outras legendas que apoiaram a sua candidatura, como Novo Peru, foram perdendo espaço no governo.
O anúncio presidencial de saída do partido acontece no mesmo momento em que o país vive uma greve de trabalhadores do transporte. Os sindicatos exigem a diminuição do preço dos combustíveis e novas políticas que garantam subsídio no preço. Sindicatos de trabalhadores do transporte bloqueiam há três dias rodovias nas regiões de Arequipa, Cusco, Puno e Ica. Somente na capital Lima, 16 mil ônibus estão parados na garagem, segundo a Câmara de Transporte Urbano.
Os caminhoneiros anunciaram que a partir de julho irão aderir à greve, reivindicando o controle do preço dos pedágios pelo Estado, redução do preço do diesel e restituição do transporte de mercadorias como serviço público. O litro da gasolina custa no país 4,05 soles (cerca de R$ 5,60), enquanto o diesel está a 3,38 soles o litro (R$ 4,69) – registrando um incremento de cerca de 40% somente em 2022, enquanto a inflação acumulada nos últimos doze meses, entre junho de 2021 e maio de 2022, foi de 8,36 %.