Apesar de ampla rejeição entre os funcionários, professores e grande manifestação em frente à reitoria, o Conselho Universitário (CO) da USP aprovou, na última terça-feira (29), reajuste inferior à inflação. Já na Unicamp, a reitoria foi obrigada a cancelar a reunião frente à mobilização dos contrários à proposta.
Os trabalhadores e professores das Universidades estaduais paulistas, portanto, USP, Unicamp e Unesp, reivindicam que seus salários devem ser reajustados para voltar a ter o poder de compra que tinham antes do processo de desvalorização, que iniciou em maio de 2015.
De acordo com os cálculos do Fórum das Seis, entidade que reúne as representações estudantis, docentes e dos trabalhadores das Universidades estaduais, os salários foram desvalorizados, na USP e Unicamp, em 12,66% e, na Unesp, de 16,04%.
Em uma reunião de negociação entre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), os reitores retiraram a proposta anterior de reajuste de 0%, e indicou um de 1,5% para ser votado nos Conselhos Universitários. Porém, os professores e funcionários das três estaduais dizem que o valor é ínfimo e que, inclusive, não chega nem a repor as perdas relativas a inflação do último ano.
Como um dos poucos conselheiros no CO da USP que dá ouvido às reivindicações e interesses de seus colegas, o professor André Singer fez fala defendendo a revalorização salarial. “Estamos numa etapa anterior, trata-se de repor aquilo que já foi perdido. Eu gostaria muito que estivéssemos na etapa de valorizar os recursos humanos. Não tivemos a reposição plena da inflação nem em 2015, muito menos em 2016, quando tivemos 3%, e zero por cento no ano passado, então estamos com perdas de 12%”, afirmou.
A proposta de 1,5% recebeu 56 votos favoráveis entre os conselheiros, seis contrários e 26 abstenções. Esses 56 votos significam, dado o baixo quorum da reunião realizada durante a greve dos caminhoneiros, apenas 47% dos conselheiros.
Na Unicamp, a mobilização dos docentes, alunos e trabalhadores conseguiu impedir que a reunião acontecesse, dando mais tempo para negociação. Ainda sem data, o adiamento do Conselho Universitário da Unicamp também fez com que a próxima reunião de negociação entre o Fórum das Seis e o Cruesp, marcado para a quarta-feira (30), também fosse postergado.
Até o momento, os docentes e estudantes da USP e trabalhadores da Unicamp estão em greve por tempo indeterminado.