“Você sabe o que está em jogo, e você sabe como deve se preparar, não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, ameaçou
Jair Bolsonaro acaba de dar mais uma demonstração de que está morrendo de pavor das eleições de outubro. Como bem precisou o ex-presidente Lula, não é da urna que ele morre de medo, é o voto do povo brasileiro que o assusta. Agora mesmo, disse que vai reunir os embaixadores que atuam no Brasil para mostrar a eles que as urnas eletrônicas usadas no país não são seguras. Disse que vai provar que houve fraudes em 2014 e 2018. De novo vai fabricar falsidades e mentiras contra a democracia brasileira.
Além disso, voltou a tentar instigar as Forças Armadas contra a democracia e contra as demais instituições da República. “Se o pessoal do Comando de Defesa Cibernética do Exército detectar fraude não vai valer de nada esse trabalho porque o sr. Fachin já declarou que isso não muda o resultado das eleições”, disse ele. “Eu duvido do sistema eleitoral, é um direito meu duvidar”, acrescentou. Esta declaração se choca com o que defendeu o ministro da Defesa, general Sérgio Oliveira, que disse em audiência na Câmara dos Deputados, que os militares não duvidavam da segurança do processo eleitoral.
“Não preciso aqui dizer o que estou pensando, o que você está pensando. Você sabe o que está em jogo, e você sabe como deve se preparar, não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, ameaçou Bolsonaro. A declaração de que tem que fazer algo antes das eleições foi entendida como uma mensagem cifrada aos seus seguidores de estímulo às provocações.
Em novas afrontas aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (STF), Bolsonaro inventou que Edson Fachin, atual presidente do TSE, já tem o seu candidato. “Eu não entendo o que o Fachin vai fazer fora do Brasil dizendo que podemos ter um “6 de janeiro” (referência à tentativa de golpe de Trump nos EUA), ou coisa pior. Se ele fala isso é porque tem a certeza que o candidato dele, que ele tirou da cadeia, que é o Lula, vai ganhar”, apontou.
Depois seguiu na provocação e indagou, “como é que pode ele ter essa certeza?” “Lamento, mas o senhor Fachin, advogado do MST, não devia agir dessa maneira. Logo o senhor que tirou o Lula da cadeia e agora está à frente do processo eleitoral”, prosseguiu Bolsonaro, numa clara atitude de preparação para tumultuar o processo eleitoral e de provocação contra a Justiça eleitoral.
Cada vez mais convencido que o povo brasileiro não está disposto a lhe dar mais um mandato, Bolsonaro se insurge também contra os observadores estrangeiros que tradicionalmente assistem às eleições de vários países.
Ele criticou a recente assinatura, pelo presidente do TSE, de um acordo com “entidades estrangeiras” para a tradicional observação das eleições brasileiras. “Eu pergunto, vem observar o que? Eles têm acesso ao programa? Eles vão poder participar da apuração como técnicos em informática? Eles veem dar um ar de legalidade para as eleições?”. Ou seja, Bolsonaro não quer observadores, não quer eleições limpas e já decretou que as eleições – principalmente se ele perder – são “ilegais”, e só têm uma fachada de legalidade. A eleição para Bolsonaro só pode valer se ele ganhar.
E, ao final, disse que os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes estiveram no exterior debatendo a economia do país em um novo governo. Disse que isso era uma prova de que eles já sabem o resultado das eleições e que é uma vergonha. E, de novo, sem nenhum dado ou maiores detalhes, disse, em tom de ameaça, que “nas próximas semanas tudo isso será desvendado”.
O ex-presidente Lula (PT) realmente lidera todas as pesquisas eleitorais e isso tem deixado Bolsonaro desesperado. Essas afirmações dos últimos dias, assim como as provocações contra o juiz que mandou prender o ex-ministro Milton Ribeiro, o tiro na redação da Folha de S. Paulo e os ataques aos atos da oposição, são provas deste destempero e da recidiva das aventuras golpistas de Bolsonaro e de suas milícias. Antevendo o que o Brasil inteiro já percebe, a sua derrota iminente, Jair Bolsonaro passou a incitar as Forças Armadas a segui-lo em sua sanha destemperada e aventureira.
Acrescentou nesta sexta-feira que os militares têm o compromisso de se preparar para a possibilidade de agressões internas, destacando que não se pode comungar com uma “traição”. Sem dar detalhes sobre qual agressão interna seria possível no país, Bolsonaro fez as declarações durante solenidade de entrega de espadins aos cadetes da Força Aérea Brasileira em Pirassununga, no interior de São Paulo.
“Alguns vendilhões se associam a outros de fora para nos escravizar. Nós militares, todos, vocês jovens cadetes que receberam o espadim há pouco, nós todos fizemos um juramento, dar a vida por nossa pátria, se preciso for”, disse o presidente mais entreguista que já passou pelo governo brasileiro.
Bolsonaro vendeu quase toda a Petrobrás para grupos estrangeiros, entregou a Eletrobrás ao capital estrangeiro a preço de banana e ofereceu o controle da Amazônia ao bilionário Elon Lusk. É ele que está se associando a grupos estrangeiros contra o Brasil. É ele que prometeu a um grupo de americanos de extrema-direita, num jantar em Washington, assim que assumiu, que não tinha vindo para construir nada. “Eu ganhei a eleição para destruir tudo o que foi feito até agora”, disse Boslonaro.
É ele que abre as portas para o criminoso assalto às nossas riquezas pelas multinacionais, ferindo de morte a nossa soberania. Bolsonaro, portanto, acusa os outros daquilo que ele está fazendo.