Desde as 23:00 h do dia 29 até o final da noite, já no dia 30, caças israelenses realizaram dezenas de incursões com suas bombas causando graves danos a prédios na cidade de Gaza, centros de organizações palestinas, campos de refugiados e plantações.
A agência de notícias palestina, Wafa, informa que, além do terror através das explosões durante toda a noite, “houve No dia anterior, 28, Israel já havia lançado uma bomba sobre um centro palestino matando dois militantes da Resistência à ocupação”.
O bombardeio israelense aconteceu após a criminosa repressão à Marcha do Grande Retorno, onde soldados israelenses sob ordens do seu Estado Maior assassinaram mais de 120 palestinos e feriram mais de 13 mil, atirando com munição viva sobre manifestantes que – durante cerca de 60 dias, desde o dia 30 de março – protestam contra os 70 anos de incessante ataque ao povo palestino com assaltos, prisões em massa, expulsões e assassinatos, desde a implantação do Estado de Israel que resultou na expulsão de 750 mil palestinos, a Nakba (a Catástrofe), com muitos dos refugiados e seus descendentes sobrevivendo na Faixa de Gaza, um dos recantos mais densamente populosos do mundo, com 12 milhões sofrendo 12 anos de bloqueio.
Após premiar os crimes israelenses, transferindo sua embaixada de Tel Aviv para a Jerusalém ocupada, a representação dos Estados Unidos na ONU sai em defesa do agressor e diz que vai pedir uma reunião da entidade para discutir “os ataques a Israel”, enquanto que o ministro israelense da Energia, Yuval Steinitz, ameaça exterminar a população palestina na região que resiste à ocupação e bloqueio: “Se for preciso vamos invadir e acabar com Gaza de uma vez por todas”.
O pretexto para o ataque foi uma saraivada de foguetes em direção a Israel depois de um massacre impune que já dura, como amplamente divulgado, 60 dias. “O que a Resistência promoveu na manhã do dia 29 está dentro do quadro do direito natural de defesa do nosso povo”, declarou a nota da direção do Hamas na Faixa de Gaza.
A Marcha que reuniu diariamente dezenas de milhares de manifestantes com o dia de maior afluxo na véspera dos 70 anos da fundação de Israel, dia 14 de maio, com mais de 60 mortos sob tiros de rifles israelenses, se deu também em uma condição de deterioração completa das condições de vida na Faixa de Gaza devido ao bloqueio israelense. Como afirmou, no início do mês de janeiro, o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nikolay Mladenov, Gaza está “à beira do colapso total”.
“Estamos à beira da falência total dos sistemas de Gaza, com um colapso total da economia, com implicações que afetam os serviços sociais [poucas horas de energia por dia, falta generalizada de água potável e esgoto extremamente precário], políticos e humanitários”.
Também no dia 29 uma frota de barcos de pesca palestinos tentou romper o cerco imposto por mar por Israel, conduzindo feridos, pois as instalações hospitalares da região estão superlotadas.
A “justificativa” dos chefes do apartheid para matar como se mata animais de caças, é que a manifestação teria sido organizada pelo Hamas, o que lhes dá a condição suficiente para atirar inclusive celebrando os tiros certeiros e fatais nos crânios de crianças.
A ONU já aprovou uma investigação independente sobre o massacre.
Apesar de todo o palavrório sobre ‘defesa” e “segurança das fronteiras”, o regime sabe que está cometendo crimes de guerra os mais hediondos. Tanto assim que tramita no parlamento israelense uma projeto de lei do deputado Robert Ilatov, nascido uzbeque e ironicamente membro do partido Israel Beiteinu (Israel é nossa casa), que criminaliza a filmagem e fotografia de soldados israelenses praticando atrocidades contra os palestinos. O Sindicato dos Jornalistas Palestinos denuncia que o intuito da lei é “dar cobertura aos crimes que Israel tem a intenção de seguir praticando”.
NATHANIEL BRAIA