
O vice-presidente Hamilton Mourão, em consonância com Jair Bolsonaro, disse que “não é preocupante” o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, por um agente penitenciário que gritava “aqui é Bolsonaro!”.
Segundo o vice de Jair Bolsonaro, isso “ocorre todo final de semana em todas as cidades do Brasil, de gente que provavelmente bebe e aí extravasa as coisas”.
Questionado se o caso era preocupante, Mourão falou que “não”.
“Não queira fazer exploração política disso daí. Vou repetir o que eu estou dizendo, e nós vamos fechar esse caixão. Para mim é um evento desses lamentáveis que ocorrem todo final de semana nas nossas cidades, de gente que briga e termina indo para o caminho de um matar o outro”.
Falou ainda que não “tenho elemento” para relacionar o assassinato com a campanha eleitoral.
O guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT na cidade, comemorava seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT e de Lula, o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, que é agente penitenciário federal, apareceu xingando Arruda e os demais presentes.
Guaranho entrou gritando na festa “aqui é Bolsonaro!” e assassinou Marcelo Arruda com três tiros. No chão, Arruda conseguiu atirar de volta e atingir o bolsonarista, que agora está no hospital.
Jair Bolsonaro também falou que o caso não tem motivação política, sendo apenas “uma briga de duas pessoas”. Ele ainda reclamou que os jornais estão mostrando que o assassino era bolsonarista. “‘Bolsonarista’, não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao PSol”, disse, o que é mais uma mentira de Bolsonaro.
Na época da facada, Adélio não tinha mais nada a ver com o PSOL há pelo menos quatro anos.
De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Ainda segundo o tribunal, Adélio, que é natural da cidade mineira de Montes Claros, se filiou ao PSOL na cidade de Uberaba e pediu o desligamento do partido por conta própria. A legenda em Minas condenou o ataque contra Bolsonaro na ocasião.
A Justiça entendeu como difamatória a tentativa do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio de vincular o partido ao atentando contra Bolsonaro e condenou o blogueiro a pagar uma indenização.
Adélio foi o homem que deu uma facada em Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. A investigação feita pela Polícia Federal não identificou nenhum indício de que o crime tivesse mandante, concluindo que Adélio agiu por conta própria.
Bolsonaro se recusa a aceitar a investigação da PF e continua dizendo que a facada foi um crime da esquerda contra ele.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Orlando Silva (PCdoB-SP), avalia que o assassinato de Marcelo Arruda foi incentivado pelo discurso armamentista e de “morte, golpe e extermínio de seus adversários” feito por Jair Bolsonaro.
Em 2018, quando fazia campanha no Acre, Jair Bolsonaro segurou um tripé como se fosse uma arma e gritou no microfone: “Vamos fuzilar a petralhada!”.
Pouco mais de um mês após essa fala, horas após a eleição do primeiro turno, em 8 de outubro de 2018, Romualdo Rosário da Costa, o Mestre do Katendê, foi assassinado aos 63 anos, pelo seguidor bolsonarista Paulo Sérgio Ferreira de Santana, em Salvador (BA).
O crime ocorreu depois de uma discussão sobre as eleições, dentro de em um bar.
Depois de discutirem em voz alta e brigarem, Paulo Sérgio saiu em direção a sua casa. Voltou com uma faca e desferiu (pelas costas) 13 golpes contra de Mestre Moa (capoerista e compositor) e deu uma facada em Germino Pereira, primo do mestre de capoeira, que tentou defendê-lo.
Mestre Moa não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. Germino Pereira chegou a ficar internado, mas se recuperou.
Paulo Sérgio Ferreira de Santana foi preso e condenado a 22 anos pelo assassinato que comoveu o mundo.