Maioria das novas vagas de trabalho no acumulado em 12 meses é do setor de serviços, justamente associado à remuneração mais baixa e que demandam menor qualificação, aponta Confederação Nacional do Comércio
A falta de empregos e o trabalho menos qualificado se tornaram marcas da gestão de Jair Bolsonaro. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir de dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que dentre todas as profissões, a de faxineiro foi a que mais abriu vagas nos últimos 12 meses no país.
Com a economia estagnada, a indústria parada e os cortes nos investimentos, a geração de vagas em áreas de maior qualificação não aconteceu nem com a retomada das atividades presenciais, após o período mais grave da pandemia. O desemprego atinge mais de 10 milhões de trabalhadores e outros 40 milhões estão na informalidade, vivendo de bico. Sob Bolsonaro, o desemprego atingiu patamares recordes e a geração de vagas acontece em setores menos qualificados e com os mais baixos salários, como no setor de serviços.
De acordo com o levantamento, encomendado pelo G1, 6,15% de todas as vagas geradas com carteira assinada no último ano foram para a ocupação de faxineiro, o que corresponde a 163,4 mil postos.
A ocupação de faxineiro é essencial para o funcionamento de empresas e estabelecimentos, mas demonstra que o perfil do mercado de trabalho mudou com a crise econômica atual. A maior parte das vagas abertas, que exige pouca escolaridade e estão distantes do trabalho produtivo, são a representação de uma economia que não cresce e, por isso, não demanda por trabalhadores mais qualificados.
Além disso, remuneram menos, mantendo a renda da população, já em queda, em níveis baixíssimos. Neste mesmo período, o salário médio de contratação no país caiu 5,6% em 1 ano, considerando todas as profissões. Em maio, o salário médio real de admissão, em maio, foi de R$ 1.898.
O número total de faxineiros com carteira assinada no país atingiu 1,79 milhão de trabalhadores, uma expansão de 10% em 12 meses, superando o contingente pré-pandemia. Em fevereiro de 2020, eram 1,59 milhão de faxineiros formais, segundo a CNC.
A maioria das profissões com novas vagas de trabalho no acumulado em 12 meses é do setor de serviços, justamente associado à remuneração mais baixa e que demandam menor qualificação. De acordo com os dados do governo federal, foram criados 277 mil empregos com carteira assinada em maio no Brasil. No acumulado em 12 meses, foram 2,6 milhões de vagas formais a mais. Desse total, 53,9% foram no setor de serviços.
O levantamento listou as 10 profissões que mais geraram vagas com carteira assinada no Brasil. Depois de faxineiro, segue as profissões de assistente administrativo, vendedor do comércio varejista, alimentador de linha de produção, auxiliar de escritório, servente de obras, atendente de obras, atendente de lojas e supermercados, auxiliar nos serviços de alimentação, atendente de lanchonete e motorista de caminhão.