Depois de uma jornada de enormes manifestações que foram reprimidas por forças do governo de Daniel Ortega, os meios de comunicação nicaraguenses, com dados confirmados pela polícia, informaram que, entre a quarta-feira 30 e a quinta passada, 15 pessoas morreram por armas de fogo e outras 199 sofreram ferimentos.
Nessa situação injustificável, a Igreja católica da Nicarágua rechaçou retomar o diálogo que intermedia entre o governo e a oposição, para acabar com os protestas que acontecem no país desde há várias semanas, com um saldo de cerca de 100 manifestantes mortos. A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) anunciou que não retomará o diálogo em busca de uma solução para a crise que atravessa o país enquanto “o povo continue sendo reprimido e assassinado’’. Previamente, o Centro Nicaragüense de Direitos Humanos (Cenidh) havia denunciado que 11 pessoas tinham morrido e outras 79 resultaram feridas já no dia 30.
Na capital, Manágua, essa jornada da quarta-feira deixou expostas cenas de pânico, quando centenas de milhares de opositores que marcharam em direção à Universidade Centro-Americana (UCA) foram selvagemente reprimidos. Os primeiros a chegar tiveram que refugiar-se em lojas próximas e na Catedral devido aos disparos das forças de segurança e grupos afins ao governo de Daniel Ortega, que pouco antes tinha assegurado em declarações para a televisão que não deixaria o cargo.
“Daniel Ortega nunca quis dialogar sobre a corrupção das instituições, os abusos de poder, as fraudes eleitorais, a venda da soberania nacional, a privatização dos fundos de pensão, e o uso do Estado como instrumento de dominação política e extração de rendas corruptas a todos os setores do país. Se revisamos a experiência destes últimos 11 anos vemos que Daniel Ortega não dialoga”, afirmou Luis Carrión, o mais jovem membro da Direção nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional, quando de sua fundação, na década dos 60.