A União da Juventude Socialista (UJS) realiza neste final de semana o seu 21º Congresso Nacional, em São Paulo, reunindo juventudes organizadas, movimentos sociais e lideranças políticas para debater a atual conjuntura do país, educação e a ação dos jovens frente às ameaças contra a democracia feitas por Bolsonaro.
No ato de abertura, na sexta-feira (15), o presidente nacional da entidade, Tiago Morbach, homenageou a militante Mel Gomes, vítima da pandemia de Covid-19, e enfatizou a importância da juventude nas eleições, uma vez que é a parcela cuja rejeição de Bolsonaro é maior e que cresce a cada dia mais.
“Essa é a galera que estará na linha de frente para derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente. Estaremos na luta porque acreditamos que a juventude tem o direito de sonhar, de entrar na universidade e não de morrer de bala perdida, que faz de vítima, principalmente, os jovens negros. Nossa juventude precisa ter o direito de construir o Brasil que a gente nunca teve, o Brasil dos nossos sonhos”, disse Tiago.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi uma das lideranças que esteve presente na abertura, e destacou que Bolsonaro e seus asseclas representam o que há de pior no país. “Nunca tivemos um enfrentamento contra o fascismo como temos tido no momento atual. Tudo isso que de ruim a elite produziu nesse país, o machismo, o racismo, a misoginia, os traços patriarcais, o elitismo, proibir que os negros tenham acesso à escola, proibir que o povo pobre tenha acesso à universidade, esse traço de apartheid da elite brasileira veio à tona nos últimos quatro anos. Os rios subterrâneos do fascismo vieram à tona agora, sob a égide de Bolsonaro e do bolsonarismo”, afirmou, destacando o papel da atual geração de barrar o avanço fascista no Brasil.
Para Randolfe, as próximas eleições são as mais importantes de nossa história, e o próximo período o mais decisivo para “não só derrotar o fascismo nas urnas, nas ruas, mas também de derrotar o fascismo para os anos que virão”. “O próximo outubro não é Lula contra Bolsonaro, é democracia contra barbárie, é vida contra a morte”, disse.
“BRASIL CONTRA BOLSONARO”
Nelson Júnior, coordenador nacional da Juventude Pátria Livre (JPL), destacou que apesar de Bolsonaro estar atrás nas pesquisas, a eleição não está ganha e que a juventude será fundamental para a sua derrota.
“Infelizmente, ainda não derrotamos o Bolsonaro, mas, pegando o gancho do Randolfe, não é Lula contra Bolsonaro nessas eleições, é o Brasil contra Bolsonaro. É o momento de dizer que a gente não aceita que o nosso povo passe fome, que a gente não aceita que o povo fique na miséria durante 3 anos e meio para que ele venha, agora, tentar comprar votos com o auxílio que estamos defendendo há tanto tempo. As urnas servirão para demonstrar que o povo não irá aceitar os ataques ao povo, à democracia, à vida. Não temos dúvidas do papel da juventude nessas eleições, contem conosco, contem com a JPL”, disse Júnior.
A abertura também contou com a presença do presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, o representante do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Adriano Lateri, o advogado Ewerton Carvalho, pré-candidato à deputado estadual pelo PCdoB em SP, os representantes das juventudes do PT, PSB, PV, dos coletivos Afronte, Juntos, Rua, Levante Popular da Juventude, Para Todos, Disparada, Unegro, além da militância da UJS de todos os estados do país.
ATO POLÍTICO RECEBE ALCKMIN, ORLANDO, HADDAD E MÁRCIO FRANÇA
Neste sábado, segundo dia de Congresso, a UJS recebeu Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice-presidente na chapa com Lula – “Vamos Juntos pelo Brasil” – e ex-governador de São Paulo. Alckmin lembrou da escalada de violência no último período e que tem se intensificado cada dia mais. “Nós vivemos tempos tristes. Há trinta dias, em Uberlândia, colocaram um drone sobre o povo e jogaram veneno. Há vinte dias, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, jogaram uma bomba caseira. Agora, no Paraná, numa festa de aniversário, invadem uma festa e matam o aniversariante, o Marcelo, por intolerância política. Acabei de ter notícias que, no Rio de Janeiro, o Marcelo Freixo e seus companheiros foram agredidos por bolsonaristas. É inacreditável! Nós precisamos tirar esse fascistoide que está aí na presidência da República”, disse.
Alckmin enfatizou, ainda, a importância do diálogo para vencer essas eleições, mostrando a diferença entre os mandatos de Lula e Bolsonaro na vida do povo. “Eleição é escolha e comparação. Nós temos que, nesses 70 dias, mostrar que de um lado temos um fascistoide, do outro lado um democrata, que é o presidente Lula. Aliás, é fruto da democracia, o maior líder popular do país. De um lado, um país que não cresce, que saiu do mapa do mundo para entrar no mapa da fome. Hoje o desemprego entre os jovens é mais de 30%. Quando Lula era presidente, foram criados mais de 30 milhões de empregos com carteira assinada”, disse o ex-governador.
Alckmin ressaltou também que a única coisa nova feita por Bolsonaro foi “inventar um tal de homescholling, que é uma proposta racista do século 19”. “Do outro lado, a inclusão, a ampliação das universidades, os novos campi, os institutos federais, o Fundeb – garantindo financiamento para a educação básica -, a política de cotas. Aliás, aqui em São Paulo, o Márcio França, que foi meu secretário de Ciências, Tecnologia e Informação, ampliou as Etecs, Fatecs, e as universidades e foram implantadas as políticas de cotas em todas as universidades paulistas”.
AMPLIAR AS ALIANÇAS PARA DERROTAR O FASCISMO
Orlando Silva, deputado federal pelo PCdoB-SP e ex-presidente da UJS, ressaltou a importância de ampliar as alianças para derrotar o fascismo bolsonarista e defender os interesses do povo brasileiro.
“Desde muito cedo, quando estávamos sendo alfabetizados na UJS, aprendemos que é preciso fazer aliança política. É isso que faz a diferença entre essa juventude para outras que tem uma atitude sectária, que, acima de tudo, deve estar o interesse nacional, o interesse do povo brasileiro, o interesse do Brasil.”
“O compromisso com a democracia não é proclamado, ele é medido pelas atitudes práticas que homens e mulheres executam compreendendo a dificuldade do momento do Brasil, compreendendo a tragédia social, a tragédia econômica, compreendendo os riscos políticos que o Brasil vive. Homens e mulheres têm tomado atitudes como a que tomou o governador Geraldo Alckmin, como a que tomou o governador Márcio França, os dois se somando numa construção que precisa ser o mais ampla o possível”, completou Orlando.
BOLSONARO USA A FOME PARA COMPRAR VOTOS
Fernando Haddad, ex-prefeito da capital paulista e ex-ministro da Educação, na época de implementação do Programa Universidade Para Todos (ProUni), lembrou a importância do programa e ressaltou outras medidas como a criação do Fundeb e o fim da necessidade de fiador para acesso ao FIES. Haddad também denunciou a falta de escrúpulos de Bolsonaro em querer usar da fome criada por ele próprio para tentar comprar votos com a chamada PEC do desespero.
“O que está acontecendo agora é algo sem precedente na história das eleições. Faltando 70 dias para o pleito, o sujeito muda a Constituição para, num curto período de tempo, ampliar os auxílios para cooptar votos de pessoas que podem ser levadas ao erro de manter esse estado de coisas pela premência da fome, da miséria que o próprio governo instalou em nosso país e aprofundou”, disse Haddad.
Também ex-governador e pré-candidato ao Senado, Márcio França falou da importância de se construir um esforço direcionado nos próximos 70 dias para eleger Lula e derrotar Bolsonaro nacionalmente. Assim como o de conseguir derrotar o bolsonarismo também em São Paulo com Fernando Haddad, pré-candidato a governador em São Paulo.