Certa ocasião, contou: “Pô, você não tem ideia como que é. Chega dinheiro? Você só vê o Jair destruindo [distribuindo] pacotão de dinheiro. ‘Toma, toma, toma’. Um monte de caixa de dinheiro lá [na casa]. Você fica doidinho”, relato do ex-assessor e ex-cunhado de Bolsonaro.
O novo livro da jornalista Juliana Dal Piva, “O negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro”, conta como Jair Bolsonaro mantinha e distribuía “caixas de dinheiro vivo” em sua casa quando era deputado federal e tinha um esquema de rachadinha em seu gabinete.
Dal Piva, colunista do UOL, mostra o relato do ex-assessor e ex-cunhado de Jair Bolsonaro, André Siqueira Valle, de que todos sabiam que a casa de Bolsonaro estava sempre cheia de dinheiro, especialmente na época de campanha eleitoral.
André era irmão de Ana Cristina Siqueira Valle, que foi casada com Jair Bolsonaro.
O livro “O negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro” ainda não foi lançado, mas já está em pré-venda. Leia um trecho que foi antecipado pela coluna de Chico Alves, do UOL:
André seguia a rotina combinada, mas não gostava de entregar tanto dinheiro ao cunhado. Passou a desabafar com amigos, em sigilo, que aquilo era errado. E observou com atenção algumas caixas de dinheiro vivo que o casal guardava em casa.
Certa ocasião, contou: “Pô, você não tem ideia como que é. Chega dinheiro? Você só vê o Jair destruindo [distribuindo] pacotão de dinheiro. ‘Toma, toma, toma’. Um monte de caixa de dinheiro lá [na casa]. Você fica doidinho”.
O livro de Juliana Dal Piva também cita Marcelo Nogueira, que foi assessor de Flávio Bolsonaro e contou que o “mito” também tinha o esquema de rachadinha em seu gabinete.
Quem frequentava aquela casa não conseguia ignorar tanta grana. Marcelo Nogueira também viu muitas notas por lá. O casal mantinha um cofre no quarto, bem abastecido
Outra irmã dele, Andrea Siqueira Valle, foi gravada admitindo que o irmão era obrigado a devolver a maior parte do dinheiro que recebia como salário de assessor para o então deputado Bolsonaro. Ela sabia inclusive que alguns conflitos surgiram porque Jair Bolsonaro queria uma parte ainda maior do salário.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, falou Andrea.
A “rachadinha”, apropriação indébita pelo parlamentar do salário ou parte do salário de assessores e funcionários (pagos com dinheiro público), era algo comum na família Bolsonaro. Os filhos Flávio Bolsonaro (senador) e Carlos Bolsonaro (vereador do Rio) também são investigados por rachadinha em seus gabinetes.
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