
O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM), ex-vice-presidente da Câmara, afirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “compactua com o autoritarismo” ao estar ao lado de Jair Bolsonaro, enquanto o mandatário faz ameaças à democracia.
Para Marcelo Ramos, “Arthur se coloca acima do Regimento (da Casa) e comete um equívoco confesso, fruto de quem compactua com o autoritarismo e com quem é autoritário”.
Pelas redes sociais, Ramos disse que “o presidente da Câmara não tem direito de estar silente num palanque onde se ataca o sistema eleitoral e o STF [Supremo Tribunal Federal]. Arthur Lira se afasta cada vez mais do seu dever institucional”.
“A relação entre Arthur e Bolsonaro funciona da seguinte forma: Bolsonaro deixa Arthur ser dono do orçamento [secreto], e o Arthur deixa Bolsonaro mandar no Parlamento”, apontou o ex-vice-presidente da Câmara.
Ramos se refere ao orçamento secreto, controlado por aliados de Lira na Câmara, que serve para distribuir bilhões de reais de forma anônima em emendas. São R$ 16,5 bilhões previstos para esse ano no orçamento secreto. Em troca, os deputados devem votar conforme manda Bolsonaro.
Jair Bolsonaro, na convenção do PL que o indicou como candidato à reeleição, fez, mais uma vez, ameaças golpistas. Chamou, aos gritos, seus apoiadores a irem às ruas “uma última vez” para fazer os “surdos de capa preta” ouvirem “a voz do povo”.
Ao fundo e usando uma camiseta com os dizeres “Bolsonaro 22” estava o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Mesmo depois da reunião de Bolsonaro com embaixadores, na qual divulgou mentiras sobre as urnas eletrônicas para tumultuar as eleições, Arthur Lira não deu nenhuma declaração pública defendendo a democracia ou a verdade.
Marcelo Ramos disse que o evento “foi patético” e serviu para Bolsonaro dizer “ao mundo que está apavorado com a iminente derrota”.
“Bolsonaro atacou nosso sistema eleitoral sem nenhuma prova, atacou o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), colocou em xeque o resultado das próximas eleições, com transmissão ao vivo pela tv pública”, denunciou.
“Por trás de tudo isso tem um medo, talvez um pavor, da derrota eleitoral”, completou.