
Fake news de Bolsonaro contra as urnas é “ataque ao voto dos mais pobres” e “pretexto para brandir cólera”, disse o presidente do TSE
Em encontro com juristas nesta terça-feira (26) à tarde, o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que a fake news contra as urnas eletrônicas é um “ataque ao voto dos mais pobres” e tem sido usado como “pretexto para brandir cólera”.
“Cumprimento as advogadas e os advogados aqui presentes. É louvável a preocupação com a democracia e a vida pública no país. Não há justiça sem sociedade civil e advocacia fortes e em diálogo, nomeadamente para defender o processo eleitoral, as eleições, e o próprio Estado democrático de direito”, saudou Fachin.
“Amarrada à Constituição e à institucionalidade, qual Ulisses de Homero, a Justiça Eleitoral não se fascina pelo canto das sereias do autoritarismo, não se abala às ameaças e intimidações”, disse Fachin.
“Não toleraremos violência eleitoral, subtipo da violência política. A Justiça Eleitoral não medirá esforços para agir, a fim de coibir a violência como arma política e enfrentar a desinformação como prática do caos”, assinalou.
O ministro disse que a Corte “não se omitirá” durante o pleito e que a sociedade não tolera “negacionismo eleitoral” e ataques às urnas.
“Realizaremos eleições e os eleitos serão diplomados. O calendário eleitoral está em dia. A regra está dada. O TSE não se omitirá. A justiça eleitoral de todo o País não cruzará os braços. O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral”, afirmou o presidente do TSE, sem mencionar o nome do atual ocupante do Planalto.
Bolsonaro realizou na semana passada uma reunião com embaixadores de vários países para caluniar as urnas eletrônicas e atacar o processo eleitoral brasileiro.
Ele fez novos ataques a Fachin e aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, respectivamente o antecessor e o sucessor de Fachin no TSE.
Tudo isso para tumultuar o clima da disputa eleitoral, em que ele se encontra estagnado em segundo lugar, segundo todas as pesquisas.
A famigerada reunião recebeu repúdio de vários setores do país. Mais de 60 entidades nacionais condenaram a fala golpista de Bolsonaro e reafirmaram a confiança nas urnas e na Justiça Eleitoral.
Mais de três mil empresários, juristas, economistas, intelectuais, artistas, estudantes assinam uma carta condenando os ataques às eleições e à democracia. O manifesto será lido no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, centro de São Paulo.