“A Petrobrás é o coração brasileiro, gestado por Getúlio. É nosso dever defendê-la, porque tem sido alvo de bandidos, com os chamados desivestimentos e roubos puro e simples”, afirmou ao HP o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira.
Siqueira avaliou a nomeação de Ivan Monteiro para a presidência da estatal. “Ele é um operador do cartel internacional do petróleo. Veio do Banco do Brasil junto com o Aldemir Bendine, que hoje está em cana. Na diretoria de finanças da Petrobrás, o Ivan Monteiro fez três impairments (desvalorização de ativos) de R$ 113 bilhões. R$ R$ 49 bilhões em 2014, R$ 48 bilhões em 2015 e R$ 16 bilhões em 2016”, disse.
De acordo com o vice-presidente da Aepet, “em 2015, a Petrobrás teve um lucro bruto de R$ 98 bilhões e um lucro líquido de R$ 15 bilhões. Foi feito um impairment de R$ 49 bilhões. Então, a Petrobrás ficou com um rombo virtual de R$ 34 bilhões. Isso teve duas consequências: convencer a população que era preciso vender ativos porque a Petrobrás estava quebrada e desvalorização de ativos a serem vendidos”.
Para Siqueira, a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobrás foi a melhor coisa para o país nos últimos tempos: “Ele foi colocado na Petrobrás para retomar o processo de desnacionalização iniciada na década de 2000. Como presidente do Conselho da empresa, naquela época, tentou até mudar o nome para Petrobrax. E agora, além de vender ativos, fez uma política de preços absurda. Ele deu prejuízo à Petrobrás, que já passa de R$ 20 bilhões com a política de preços. A única coisa que ele tinha como objetivo era jogar a Petrobrás contra a opinião pública para poder privatizar”.
O engenheiro criticou a política de preços dos combustíveis, acima do mercado internacional, estabelecida por parente. “Ele colocou tão acima que justificou a importação pelos concorrentes. A importação cresceu tanto que as refinarias estão com 30% de ociosidade. A Petrobrás está exportando petróleo cru e importando derivado. Os concorrentes, também. As refinarias estão ociosas porque os preços estão acima do preço internacional”, observou Siqueira.
Siqueira lembrou que a paridade já vinha sendo praticada desde o governo Dilma. “A Graça Foster estava fazendo paridade para recuperar o prejuízo que a Dilma fez na empresa. A Dilma mandou importar combustível, mas vendendo mais barato no mercado interno. Comprava a R$ 1,72 e vendia a R$ 1,42”.
“A Dilma mandou importar combustível fazendo a campanha da reeleição. O João Santana [hoje em um ergástulo público], o marqueteiro e primeiro-ministro da Dilma, mandou fazer um preço absurdamente baixo para conter a inflação e ser reeleita. Isso deu um prejuízo de cerca de R$ 60 bilhões”, acrescentou Siqueira.
Conforme o dirigente da Aepet, “nada justifica dolarizar o combustível. O dólar sobe, o petróleo sobe e aí a Petrobrás tem de ter um preço ligeiro abaixo do mercado internacional. Porque senão, sobe a gasolina, sobe o diesel, sobe os mantimentos, sobe tudo”.
Segundo Siqueira, Pedro Parente retomou o processo de desmonte da Petrobrás, com a venda de ativos, com prejuízo de R$ 200 bilhões. “A tática do Parente foi jogar a Petrobrás contra a opinião publica, através do aumento de preços dos combustíveis”.
VALDO ALBUQUERQUE