O governo não esperou o desbloqueio das estradas após a paralisação dos caminhoneiros ou a normalização do abastecimento de combustíveis no país para elevar novamente o preço da gasolina nas refinarias.
Na quarta-feira, dia 30, a Petrobrás – ainda comandada por Pedro Parente – elevou o preço do combustível em 0,74%. Três dias depois, no sábado (logo após o pedido de demissão de Parente) houve novo aumento de 2,25% – o que elevou o preço da gasolina nas refinarias para R$ 2,0113. Nesta segunda-feira, uma redução de 0,68% no preço do combustível comercializado foi anunciado, o que, no entanto, não chega perto de compensar as altas anteriores.
A política de preços de combustíveis comandada por Pedro Parente para beneficiar as petroleiras estrangeiras deixou o país em chamas quando a paralisação dos caminhoneiros foi deflagrada contra o preço abusivo do diesel e da gasolina.
Apenas em maio, foram realizadas 14 altas no preço da gasolina nas refinarias, o que em um mês representou uma alta de 11,64%. Nas bombas, a variação de preços chegou a 47% segundo dados do Dieese – sem considerar as variações devido à escassez de abastecimento durante a paralisação.
Adotada desde julho do ano passado, a política prevê ajustes diários consonantes com as variações do petróleo e derivados no mercado internacional, assim como as variações do dólar. Desde o início dessa política, o preço da gasolina comercializada nas refinarias acumula alta de mais de 50%.
Contudo, os preços praticados aqui não se equiparam ao do mercado internacional. Eles são maiores do que os preços do mercado internacional, em media, 22,1% – o que deixa mais do que claro que, ao invés de uma política de boa concorrência, o governo está interessado é em beneficiar as empresas estrangeiras, viabilizar a importação de combustíveis e agradar os acionistas estrangeiros da companhia.
“Política de preços”
Mesmo após o acordo de congelamento do preço do diesel por 60 dias, o que foi sem dúvida uma vitória da greve dos caminhoneiros, o governo achou necessário emitir uma nota oficial afirmando que a política de preços perpretada por Pedro Parente continuará intacta.
“As medidas anunciadas pelo governo para garantir a previsibilidade do preço do óleo diesel, que teve seu valor reduzido ao consumidor, preservaram, como continuaremos a preservar, a política de preços da Petrobrás”, disse o Planalto.
Na segunda-feira (4), os jornais divulgaram que a Petrobrás sinalizou que pretende rediscutir os reajustes diários – a única condição para isso é o preço internacional continue lastreando os preços das refinarias. Isso significa que não há intenção de mudar em nem um milímetro essa política de assalto ao país. Os reajustes continuarão a acontecer conforme o desejo das multinacionais e as flutuações do dólar, mas ao invés de serem diários, vão acumular para serem reajustados semanalmente ou quem sabe mensalmente…
Para cumprir com o compromisso de reduzir em R$ 0,46 o preço do litro do diesel, Temer anunciou que vai cortar R$ 9,5 bilhões do orçamento que seria destinado para saúde, educação, segurança pública, transportes.
Ou seja, para continuar garantindo o lucro absurdos dos acionistas estrangeiros e das multinacionais, vai assaltar o povo e manter as refinarias da Petrobrás ociosas para facilitar a importação.
PRISCILA CASALE