A Polícia Federal revelou que documentos entregues por ela ao Supremo Tribunal Federal (STF), mostram “envio, à margem do sistema financeiro oficial, de recursos ao exterior por João Baptista Lima Filho”. Homem de confiança de Temer e dono da Argeplan, Lima Filho teria recebido R$ 1 milhão ao subcontratar a empresa Engevix para realização de obras da Eletronuclear, estatal que, segundo investigações da Lava Jato, teria desviado recursos para políticos do MDB.
Os investigadores apuram parceria da Argeplan, em 2014, com a Engevix em contrato da Secretaria de Aviação Civil, então gerida por Moreira Franco, um dos principais aliados de Temer. A Procuradora Geral, Raquel Dodge diz que, em depoimento, o executivo da Engevix José Antunes Sobrinho afirmou que “a Argeplan só conseguiu contrato [na Eletronuclear] por ser ligada a Temer, e precisou subcontratar a Engevix porque não tinha capacidade para o serviço”. Sobrinho, que já negociou colaboração premiada no começo da Lava Jato, faz atualmente novas tratativas.
Raquel Dodge também cita um relatório feito este ano pela Polícia Federal, que apontou crescimento da Argeplan em 20 anos, inclusive no setor nuclear, depois que a AF Consult, da qual Lima era acionista, fechou contrato de R$ 160 milhões com a Eletronuclear nas obras de Angra e subcontratou a Engevix. Duas empresas de Lima Filho: a PDA Administração e a PDA Projeto e Direção Arquitetônica teriam disponibilidade financeira de R$ 23.667.507,95.
Na sede da PDA Projeto, que pertence a Lima, agentes localizaram diversos documentos sobre Engevix e Eletronuclear. A PF relatou que no imóvel da PDA em São Paulo havia no subsolo um cômodo com uma sala trancada com duas portas. Antonio Carlos, funcionário da Argeplan, disse que empregado Onofre teria a chave. Onofre, por sua vez, segundo o relato, disse que aquela era a única chave que ele não tinha. A PF acionou chaveiro e na sala havia quatro cofres. Nos cofres, documentos sobre Eletrobras, Eletronuclear, Engevix e AF Consult, ligadas ao contrato de Angra 3.