Três candidatos à Presidência da República – Lula (PT), Ciro (PDT) e Simone Tebet (MDB) – pronunciaram-se neste dia 11 de agosto, dia do advogado e do estudante, e elogiaram as manifestações pela democracia.
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente e candidato pelo PT, falou da necessidade de se recuperar um país soberano e respeitado. “Defender a democracia é defender o direito a uma alimentação de qualidade, a um bom emprego, salário justo, acesso à saúde e educação. Aquilo que o povo brasileiro deveria ter. Nosso país era soberano e respeitado. Precisamos, juntos, recuperá-lo”, defendeu Lula.
Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, ressaltou a presença de diferentes segmentos da sociedade e disse que a democracia é a maior conquista do país. “Um momento de união de diferentes segmentos contra os recorrentes ataques de Bolsonaro aos nossos direitos, ao sistema eleitoral e ao próprio regime democrático – que é a maior de todas as nossas conquistas. Este é um compromisso de todos nós”, declarou.
Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência, afirmou que a sociedade levantou a voz em defesa da democracia. “Estado de Direito Sempre! No dia do estudante, no histórico dia 11 de agosto, a sociedade levanta sua voz em defesa da democracia. Assinei o manifesto. Tenham certeza do meu compromisso. Minha candidatura representa exatamente isso: democracia sempre. Tolerância, paz e respeito”.
A Carta pela democracia e pelo sistema eleitoral brasileiro foi lida na quinta-feira (11), na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, centro da capital paulista.
O pátio e o exterior da faculdade foram palcos de um dos mais importantes atos pela defesa da democracia, desde a queda do regime militar em 1985, recebendo personalidades de diferentes setores somaram forças em defesa do Estado Democrático de Direito. O ato que contou com a leitura de dois manifestos foi repercutido também por parlamentares e autoridades do Judiciário e Legislativo.
A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito reuniu, até agora, mais de 980 mil assinaturas, manifestando-se a favor do sistema eleitoral, das urnas eletrônicas e dos pilares da democracia brasileira. Logo atingirá 1 milhão de assinaturas.
Nesta quinta também foi lido o manifesto organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reuniu assinaturas como a da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e da Federação Paulista do Comércio (Fecomércio-SP).
Leia mais manifestações:
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e do Congresso, ressaltou que o Congresso não aceitará retrocesso e autoritarismo. “O Congresso Nacional sempre será o guardião da democracia e não aceitará qualquer movimento que signifique retrocesso e autoritarismo. Não há a menor dúvida que a solução para os problemas do país passa necessariamente pela presença do Estado de Direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas, à liberdade de expressão e ao processo eleitoral. Desenvolvimento, bem-estar e justiça só prosperam em ambiente de livre pensamento, base da verdadeira pátria livre e soberana”, disse.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que esse 11 de agosto ficará marcado na história como o dia em que “a Faculdade de Direito da USP foi palco de importantes atos em defesa do Estado de Direito e das Instituições, reforçando o orgulho na solidez e fortaleza da Democracia e em nosso sistema eleitoral, alicerces essenciais para o desenvolvimento do Brasil.”
Orlando Silva, deputado federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi uma das autoridades que falaram sobre o ato e em defesa da democracia e ressaltou que o povo não vai tolerar aventuras golpistas de Bolsonaro e seus apoiadores. “A resposta tá aí. Quem achou que ia dar tapa na mesa e ameaçar golpe da boca pra fora vai ter que passar por cima de nós. Um dia histórico. Bolsonaro sai Democracia fica”, disse.
Celso de Mello, ministro aposentado do STF, que se formou na Faculdade de Direito da USP, afirmou que a celebração da democracia, neste dia 11 de agosto, representou “um fator de imensa relevância, tanto simbólica quanto histórica e política, pois significam que o povo de nosso país não se esqueceu dos abusos, indignidades, mortes e torturas perpetrados pelos curadores e agentes da ditadura militar que interrompeu, em 1º de abril de 1964, o processo democrático que então vigorava, legitimamente, sob a égide da Constituição democrática de 1946”.
“Enquanto houver essa legítima resistência da cidadania, fundada na autoridade suprema da Constituição da República, em oposição àqueles que minimizam e degradam o valor eticamente superior da ordem democrática, não haverá espaço possível reservado à intolerância, ao ódio, ao tratamento do adversário político como inimigo, a manifestações ofensivas à institucionalidade, à formulação de pretensões autoritárias, ao desrespeito à ‘rule of law’ e à transgressão dos princípios estruturantes consagradores do Estado Democrático de Direito”, completou.
Baleia Rossi, deputado e presidente do MDB, afirmou que “está no DNA do MDB a defesa da democracia. É mais do que nossa obrigação apoiar um documento com essa finalidade. Eu acredito nas instituições e na harmonia entre os Poderes. Os brasileiros não querem retrocessos.”
Nelson Trad, senador pelo PSD-MS, defendeu que “todos nós, agentes públicos oriundos que somos da vontade popular, temos o dever de enaltecer e defender a democracia. O povo sempre será soberano no Estado Democrático”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ressaltou a importância do ato desta quinta e conclamou a população a assinar a carta. “Estado Democrático de Direito sempre! Assine a carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa da democracia. Hoje está acontecendo o ato de leitura da carta na Faculdade de Direito da USP, no centro de SP. Histórico! O povo quer democracia”, disse.
Senador Humberto Costa (PT-PE): “hoje é dia de resistência. Entidades da sociedade civil organizada estão mobilizadas em todo o país em defesa da democracia. Seguremos na luta contra qualquer retrocesso. Bolsonaro sai, democracia fica. Estado de Direito Sempre”.
O senador, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou que esse é “um dia para entrar para a história. A democracia é o único caminho para a liberdade, para a cidadania e para a construção de um Brasil mais justo e menos desigual. Minha assinatura se soma a de outros mais de 930 mil brasileiros que repudiam qualquer ato antidemocrático e anticonstitucional e querem votar em paz e segurança nas próximas eleições”.
O 11 de agosto é, ao mesmo tempo, dia do estudante e do advogado, comemorado desde 1927, 100 anos após o dia em que foi fundada a Faculdade de Direito da USP, em 1827. Data e local para leitura dos documentos foram escolhidas por marcar o dia em que o advogado Goffredo da Silva Telles Júnior, dessa vez em 1977, leu a Carta aos Brasileiros em ato que repudiava o regime militar vigente à época e o desejo e luta pela volta da democracia.