Ao discursar na cerimônia de posse, na terça-feira (16), como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes afirmou que estavam presentes 50 embaixadores.
Ou seja, 10 a mais do que os 40 presentes no encontro que Jair Bolsonaro (PL) promoveu, no mês passado, com autoridades estrangeiras no Palácio da Alvorada. No encontro, Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas diante da comunidade estrangeira.
Diferente da solenidade no TSE, o encontro promovido pela Presidência da República foi considerado “vexame internacional” por autoridades nacionais, imprensa e lideranças políticas de todos os matizes ideológicos.
Sobre a cerimônia de posse cabe esclarecimento relevante. Como essas transições nos tribunais superiores são conhecidas, pois tem a ver com a antiguidade dos membros dessas instituições, e mandato, no caso do TSE, as transmissões dos cargos são formais e sem grandes pompas e circunstâncias.
A posse de Moraes foi diferente por tudo que vem ocorrendo no País, principalmente porque Bolsonaro constantemente ameaça inviabilizar a realização do pleito.
CONFIANÇA NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO
Os embaixadores presentes na posse de Moraes na presidência do TSE relataram que a cerimônia foi cercada de simbolismos e de gestos que reforçaram a confiança deles no sistema eleitoral brasileiro.
Eles serão observadores internacionais das eleições brasileiras. Entres os embaixadores, houve a sensação de alívio e de que há clara união das autoridades brasileiras sobre a transparência e segurança do sistema eleitoral brasileiro.
GESTO CONTUNDENTE DE APOIO AO JUDICIÁRIO
Segundo esses observadores internacionais, a intensidade dos aplausos a Moraes surpreendeu e foi interpretada como gesto contundente de apoio ao Judiciário.
Tratou-se de gesto político e demonstração de apoio político explícito contra os ataques que o presidente da República perpetra cotidianamente contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas. E, ainda, contra os presidentes da Justiça Eleitoral e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
TÉDIO OU INCÔMODO
Sobre a presença de Bolsonaro, após ataques às urnas, o gesto foi visto de forma positiva, apesar de os embaixadores terem observado que as expressões de Bolsonaro mostravam às vezes tédio ou incômodo.
Ele estava mesmo entediado e incomodado, pois aquele ambiente o deixou como “peixe fora d’água”. Lá ele não era referencial para qualquer coisa que fosse positiva. O incômodo foi até natural, pois a fala de Moraes e os aplausos efusivos e de pé mostraram profunda divergência com Bolsonaro e que ele está isolado no plano político. Muitos notaram que ele não aplaudiu quando Moraes defendeu as urnas e a democracia.
NO discurso durante a posse, Moraes fez defesa enfática da urna eletrônica e do sistema eleitoral e foi aplaudido de pé pelos mais de 2 mil convidados no plenário da Corte Eleitoral.
MAIS APLAUSOS
Ele foi aplaudido também em outros momentos, como quando criticou a disseminação de informações falsas, as chamadas fake news, e ainda afirmou que liberdade de expressão não é “liberdade de destruição da democracia”.
Veja a lista de alguns dos representantes diplomáticos presentes à cerimônia:
Eslovênia, França, Geórgia, Índia, Irlanda, Liga dos Estados Árabes, Nova Zelândia, Palestina, Egito, Costa Rica, Guiné Equatorial, Nicarágua, Turquia, Cuba, Cabo Verde, Chile, Equador, Haiti, Malawi, Paraguai, Peru, República Dominicana, Irã, Uruguai, República Tcheca, Rússia, Suíça, União Europeia, Venezuela, El Salvador, Israel, Luxemburgo, Portugal, Canadá, Gabão, Japão, Panamá, Países Baixos, Espanha e Estados Unidos.
Representantes diplomáticos que não compareceram enviaram mensagens à Corte Eleitoral e ao novo presidente Alexandre de Moraes.
M. V.