Em mais um lance do acerto de contas da justiça norte-americana com Trump e sua Organização familiar, seu ex-diretor financeiro, Allen Weisselberg, se declarou culpado em pessoalmente fraudar o imposto de renda nos últimos 15 anos e, como parte do acordo, ele concordou em testemunhar no julgamento de outubro da holding do bilionário, onde trabalhou por 40 anos.
Como é típico do sistema judicial norte-americano, em troca de se declarar culpado de todas as 15 imputações, que poderiam levá-lo a até 15 anos de cadeia, ele pagará multa e impostos atrasados de quase US$ 2 milhões e cumprirá cinco meses de pena, ficando sob condicional pelos próximos cinco anos. Considerando o bom comportamento – ele tem 75 anos – nas contas do New York Times Weisselberg ficará atrás das grades cerca de 100 dias.
Em depoimento à procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, na semana passada Trump entrou mudo e saiu calado, tendo invocado mais de 400 vezes a quinta emenda da Constituição, que protege alguém da auto-incriminação. Nesse caso, Trump é acusado de falsificar a avaliação dos ativos da Organização familiar e ludibriar parceiros de negócios e bancos. Em outro revés em paralelo, outro juiz determinou que o ex-presidente vai ter que mostrar suas declarações de imposto de renda.
Segundo a mídia, Weisselberg respondeu às perguntas em “um tom abafado e quase inaudível”, sempre repetindo “sim, meritíssimo”. A CNN o descreveu como “ferozmente leal à família Trump”, para a qual trabalha desde 1973. Após sua prisão em julho de 2021, a Organização Trump mudou seu título de diretor financeiro para conselheiro sênior, mas deixou o cargo vago.
O advogado dele, Nicholas Gravante Jr, disse que seu cliente resolveu se declarar culpado para “por um fim a este caso que tem causado a ele e sua família anos de pesadelos legais e pessoais”. O diretor financeiro não informava ao IR que a empresa pagava por fora o aluguel em Manhattan e de dois carros Mercedes Benz, entre outras benesses.
A Organização Trump está sendo acusada, também, de ser conivente com esse tipo de fraude cometida por Weisselberg, por não informar adequadamente o IR, o que seria uma prática comum em relação a executivos da empresa.
No entanto, mesmo prestando depoimento contra a empresa, segundo a CNN, Weisselberg não deverá implicar nenhum membro da família e no máximo a Organização Trump for condenada poderia ser obrigada a pagar impostos e multas.
O ex-presidente tem chamado as investigações em Nova York como “caça às bruxas política” e asseverou que as ações de sua empresa era “prática padrão” no negócio imobiliário e de forma alguma um crime.
De acordo com a Associated Press, o juiz do caso só formalizará a pena de Weisselberg após o julgamento da Organização Trump, o que possibilita aos promotores “alguma alavancagem sobre ele” para que testemunhe. “Se o juiz Juan Merchan achar que Weisselberg não cumpriu os termos do acordo com a promotoria, ele pode impor uma sentença mais dura que os esperados cinco meses”, registrou a AP.