Endividamento atingiu 78% das famílias brasileiras em julho. Inadimplência também é maior entre o público feminino, diz CNC
A carestia é cruel para os brasileiros e, particularmente, para as mulheres, a maioria entre os endividados, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo, no mês de julho. Em janeiro a percentagem de consumidoras nessa situação era de 72% e no mês passado houve um salto para 80%.
O percentual de brasileiros com dívidas em atraso é o maior em 12 anos.
De acordo com a economista da CNC, Izis Ferreira, “a inadimplência também é maior entre o público feminino”. “Nós temos, por exemplo, 31% de mulheres hoje com algum tipo de dívida ou conta atrasada, enquanto entre o público masculino essa proporção ela se aproxima de 28%. Isso mostra que para elas está mais difícil de fechar todas as contas no mês, de conseguir pagar todas as contas e dívidas dentro de um mês”, declarou ao Jornal Nacional
De acordo com a pesquisa da CNC, 78% das famílias brasileiras estão endividadas e 29% estão com contas atrasadas, altas de 0,7% e de 0,5%, respectivamente, na comparação com junho.
“A alta dos indicadores de inadimplência, após queda nos meses de abril, maio e junho, indica que as medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito momentâneo no pagamento de contas ou dívidas já atrasadas, concentrado no segundo trimestre deste ano”, apontou em nota o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
A pesquisa aponta que a inflação elevada achata os rendimentos e dificulta a organização do orçamento familiar, além do avanço da informalidade no emprego.
Com o desemprego elevado, arrocho na renda e inflação corroendo o orçamento, muitas das famílias estão se endividando cada vez nos cartões de crédito, com juros em mais de 300% ao ano, para pagar contas básicas e comprar comida,
As mulheres, as primeiras a serem demitidas nas crises e as que mais dificuldades têm de conseguir emprego, não medem esforços para colocar a comida no prato de seus filhos e se endividam cada vez mais.
As medidas implementadas pelo atual governo com “efeito momentâneo”, digam-se eleitoreiras, não melhoram a vida da população, assim como a economia, que segue estagnada no desgoverno Bolsonaro, com vendas e produção da indústria patinando, com 39 milhões de brasileiros no trabalho precário e 33 milhões na fome.