O Sindicato Nacional dos Funcionário do Banco Central (Sinal) divulgou uma nota, nesta terça-feira (23), desmentindo as declarações de Bolsonaro na entrevista do Jornal Nacional, da TV Globo, na noite dessa segunda-feira (22).
Na entrevista, Bolsonaro, com o intuito de tentar se valer de um projeto criado pelos analistas e técnicos do Banco Central, disse que foi seu governo que criou o Pix, “tirando dinheiro de banqueiro” e permitindo que os mais pobres pudessem empreender.
No entanto, o projeto teve início em maio de 2018, antes mesmo de Bolsonaro ter sua candidatura homologada para as eleições daquele ano. “Tal sistema de pagamento instantâneo foi criado e implementado pelos Analistas e Técnicos do Banco Central do Brasil – ou seja, por servidores concursados do Estado, não pelo atual governante ou por qualquer outro governo”, diz o Sinal em nota.
Além disso, os servidores enfatizam que, além de ser anterior à eleição do atual governo, sequer houve qualquer menção ou apoio ao projeto por parte do então candidato naquele período. “Ou seja, o projeto de criação e implementação do Pix não recebeu nenhum apoio (ou mesmo citação) durante a campanha eleitoral que elegeu o atual Presidente da República”, diz o Sinal.
Mesmo depois de eleito, já em 2020, Bolsonaro nem mesmo sabia do que se tratava a proposta do Pix, que viria a ser implementada em novembro daquele ano. “Em discurso público realizado em novembro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro declarou que Pix era algo ligado à aviação civil, mostrando completo desconhecimento do assunto”, lembra a nota.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, os servidores reforçam que, apesar de agora tentar se valer da popularidade do Pix para ganhar votos na eleição, Bolsonaro só fez criar obstáculos tanto contra a implementação do Pix, quanto contra outros projetos da autarquia.
Entre esses obstáculos, os servidores destacam que, desde 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro, “o Orçamento do Banco Central do Brasil vem sendo reduzido ano a ano”, assim como “durante a pandemia da Covid-19, período em que esses servidores concluíram o projeto do Pix e o implementaram. Nesse período, o atual ooverno ameaçou os servidores públicos com cortes de salários de 25% e redução das suas jornadas de trabalho (isso teria retardado a implementação do Pix em muitos meses!)”, diz a nota.
O documento também resgata que a proposta de “reforma” administrativa (PEC 32) apresentada pelo governo Bolsonaro, piorada por parlamentares de sua base no Congresso Nacional, retirava as garantias de atuação isenta e imparcial dos servidores, incluindo os do BC, deixando à mercê do governo da ocasião. “O Sinal não vai permitir que nenhum candidato na campanha eleitoral de 2022 (seja de situação, de oposição ou independente) tente tirar proveito eleitoral indevido do trabalho feito por Analistas e Técnicos do BC. Governos passam, os servidores concursados do Estado brasileiro permanecem”, completa a nota.