Segundo fontes do MPF, PF e STF, nas mensagens há críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes e também comentários sobre a candidatura de Jair Bolsonaro, informa o site JOTA
Os empresários golpistas, apoiadores de Bolsonaro, trocaram mensagens com o procurador-geral da República, Augusto Aras, que também é procurador-geral eleitoral.
As mensagens estão nos celulares apreendidos pela Polícia Federal na operação desta terça-feira (23), diz o site JOTA com base em informações de fontes da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda segundo fontes do MPF, PF e STF, nas mensagens há críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes e também comentários sobre a candidatura de Jair Bolsonaro. Aras foi indicado e reconduzido por Bolsonaro para a Procuradoria-geral da República.
Segundo site, as mensagens ainda são mantidas sob sigilo, mas já viraram tema entre ministros do STF.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o relator do processo no STF, o ministro Alexandre de Moraes, autorizou as buscas e só comunicou a PGR depois de iniciada a operação da PF na manhã desta terça-feira.
Em nota, o gabinete de Moraes rebateu a acusação. Segundo Moraes, a PGR foi “intimada pessoalmente” da decisão proferida pelo ministro às 14h41 de segunda-feira (22), com a entrega da decisão para a Assessoria de Apoio aos Membros da Procuradoria-Geral da República no STF.
“Esclarece, ainda, que a referida decisão, posteriormente, foi encaminhada ao Gabinete da Vice-Procuradora-Geral da República às 15h35, onde recebida às 16h40 do mesmo dia”, continuou a nota do ministro Alexandre de Moraes.
Um dos amigos de Aras é o empresário Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, que foi citado nominalmente no discurso de posse de Aras como PGR. “Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias”, disse Aras. E acrescentou no seu discurso: “Ficaria difícil para mim nominar cada amigo. Então peço vênia para, em nome de Meyer Nigri, cumprimentar a todos presentes, especialmente aos amigos da Bahia aos quais não teria como nominar um a um e a todos os colegas e amigos aqui presentes”.
Os assessores de Aras alegam que ele tem conhecidos e amigos no mundo empresarial e, portanto, há conversas entre eles.
DEBANDADA
Os empresários bolsonaristas estão saindo do WhatsApp e apagando fotos no Instagram após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenar a Polícia Federal fazer buscas e apreensões nos endereços de oito membros do grupo que defendia golpe de Estado caso Lula seja vitorioso nas eleições de outubro. O jornalista Thomas Traumann fez a denúncia através de suas redes sociais.
“E começa a reação do PIB à decisão do Alexandre de Moraes de busca na casa dos empresários golpistas: todo mundo saindo de grupo de whastapp e apagando fotos no insta”, escreveu ele.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências de Afrânio Barreira Filho, dono do grupo Coco Bambu, Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan, Luciano Hang, do grupo Havan, André Tissot, da Sierra Móveis, Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da Mormaii, e Meyer Nigri, da Tecnisa.
Além da casa, Moraes determinou que fossem feitas buscas também na casa de veraneio e no escritório de Luciano Hang. Os agentes da PF fizeram buscas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.