O governo Temer, dando continuidade à criminosa entrega do petróleo brasileiro, realizou o 4º leilão no pré-sal, nesta quinta-feira (7), onde três áreas foram destinadas ao cartel petrolífero por apenas R$ 3,15 bilhões.
Dos quatro blocos ofertados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), apenas um não foi adquirido. Nos outros três blocos, a presença da Petrobrás nos consórcios foi superada pelas estrangeiras como a norte-americana ExxonMobil e Chevron e pela Shell (Reino Unido), além da participação da estatal norueguesa Statoil, da Petrogal (Portugal) e da BP Energy (Reino Unido):
O Bloco Uirapuru, na Bacia de Santos, foi arrematado pelo consórcio formado pela Petrobrás (30%), Statoil (28%), ExxonMobil (28%), Petrogal (14%)
Bloco Dois Irmãos, Bacia de Campos: Petrobrás (45%), BP Energy (30%) e Statoil (25%)
Bloco Três Marias, Bacia de Santos: Shell (40%), Chevron (30%) e Petrobrás (30%)
No regime de partilha, no pré-sal, um percentual mínimo do excedente em óleo é da União, mas os serviçais encastelados na estatal ofereceram o mínimo do mínimo para agradar as múltis, sendo que nos blocos onde houve disputa, a Petrobrás perdeu. O ágio médio do excedente em óleo ofertado foi de 202,3%. A Petrobrás acabou entrando nos consórcios vencedores por conta da lei que lhe dá o direito de preferência de ter participação de 30% nos consórcios vencedores.
Sob a batuta de Ivan Monteiro, a Petrobrás, que liderava consórcios na disputa em dois blocos, fez uma oferta menor do que os estrangeiros. O mesmo Ivan Monteiro, que ao lado do então presidente da Petrobrás do governo Dilma Rousseff, Aldemir Bendine, pela primeira vez na história dos leilões, deixou a Petrobrás de fora da 13 ª Rodada de Licitações da ANP em 7 de outubro de 2015. Sem a Petrobrás, aquele leião foi considerado “um fracasso”, já que sem a Petrobrás, as estrangeiras caíram fora.
Magda Chambriard então diretora- geral da ANP, a mesma que teceu elogios a Eike Batista que só não continuou preso pela Lava Jato porque foi solto por Gilmar Mendes, disse na ocasião que “gostaria de ter mais ‘Eikes’ nos leilões, ele pelo menos entrega a produção”. A OGX de Eike – “o orgulho do Brasil”, segundo Dilma, foi uma fraude. Não produziu uma gota de petróleo e deu um calote de cerca de US$ 45 milhões em credores, inclusive no BNDES.
O primeiro leilão no pré-sal foi realizado no governo Dilma Rousseff, por trás de tropas do Exército, da Força de Segurança Nacional e com o cerco até de barcos da Marinha de Guerra, com jovens sendo atingidos e feridos por uma catadupa de balas de borracha. Os manifestantes denunciavam o crime e o estelionato eleitoral da presidenta. “É um crime privatizar o pré-sal”, declarou durante sua campanha à reeleição. Na leiloata, 40% de Libra foi entregue para a Shell e a Total. Para entregar parte do Campo de Libra à Total – e também à Shell – a presidente Dilma nomeou, para presidente da PPSA, o braço direito do celerado David (“o petróleo é vosso”) Zylbersztajn na ANP e, para diretor, o chefe de gabinete do malfadado Henri (“Petrobrax”) Reichstul na tentativa de esquartejamento da Petrobrás – ambos durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O último, inclusive, era um lobista na ativa das multinacionais. Função da PPSA: fiscalizar as multinacionais. http://www.horadopovo.com.br/2013/10Out/3197-23-10-2013/P3/pag3a.htm
Ao comentar a participação da Petrobrás nos consórcios estrangeiros, o atual presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro, disse que a estatal saiu satisfeita com o resultado e que vê com bons olhos se consorciar a empresas estrangeiras para explorar o pré-sal. “A partir do momento que empresas desse porte decidem investir no Brasil isso é altamente positivo. Elas dividem os riscos e dividem [os custos com] a execução”, disse. Não, não dividem os riscos, porque não há risco. O petróleo está lá, descoberto e mapeado pela Petrobrás. O único risco que há é o saque ao patrimônio público.
Na abertura do leilão, o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, tratou logo de tranquilizar os estrangeiros, afirmando que a formação de preços de combustíveis no país continuará livre e que “não há nenhuma postura intervencionista” no mercado de óleo e gás. Ou seja, que as múltis e os acionistas estrangeiros da Petrobrás vão continuar se beneficiando com a política de preços que penaliza o povo brasileiro.
O recurso arrecadado com a entrega do pré-sal já tem destino certo, a transferência para o pagamento da dívida, diga-se para pagar juros a bancos e demais rentistas, em detrimento da saúde, educação, dos investimentos públicos, enfim, às custas do suor do povo brasileiro. Mas o senhor da ANP sabe que não há nada tranquilo no front e é por isso que essa quadrilha está afoita em entregar o pré-sal às múltis. Que digam os caminhoneiros.
ELIANA REIS