Em julho, os preços no setor industrial continuaram a subir, com destaque para o setor de alimentos com alta de 2,97%, o sexto aumento consecutivo
O Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta sexta-feira (26) pelo IBGE, informa que em julho de 2022 os preços da indústria subiram 1,21% em relação a junho. O acumulado desde janeiro 11,46% e o acumulado em 12 meses, desde julho de 2021, chegou a 18,04%. Em julho, das 24 atividades analisadas, 17 tiveram alta de preços.
O grupo da indústria de alimentos de junho para julho teve aumentos em média de 2,97%, o sexto aumento consecutivo. Com isso, a variação acumulada no ano foi 11,10%, superior à observada no mesmo mês de 2021 (10,06%). Por fim, na comparação julho 2022/julho 2021, a variação foi de 19,79%.
O destaque dado ao setor se deve ao fato de ter sido, entre todos os setores industriais, a principal influência no aumento de 1,21% da indústria em geral em julho e o segundo maior impacto no acumulado do ano e dos doze meses acima assinalados.
Quanto menor a renda, maior é participação do grupo de alimentos nas despesas das famílias. É aí que a carestia vem se manifestando com percentuais bem acima da já violenta inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA).
A gravidade dos aumentos dos preços pode ser melhor entendida ao se observar que, de julho de 2020 para 2021, o setor teve um aumento de preços de 10,06%. Com os aumentos de 19,79% nos últimos doze meses, verificamos em 24 meses aumentos acumulados de 31,84%.
Dez milhões de trabalhadores procurando e não conseguindo emprego, alta rotatividade da mão de obra com redução de salários, 40 milhões de trabalhadores na informalidade e o salário mínimo sem aumento real, e a consequente acentuada queda na renda, somada à explosão nos preços dos alimentos, são fatores que afetam seriamente as famílias de menor renda, gerando uma intranquilidade jamais constatada
A resposta a essa calamidade que Guedes e Bolsonaro dão é o aumento absurdo dos juros, o que provoca o aumento da drenagem do dinheiro para os bancos, jogando as pessoas nas ruas, empobrecendo o povo e fragilizando a indústria, o comércio e os serviços.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo: duráveis, semiduráveis e não duráveis.
As maiores variações do IPP no acumulado dos últimos doze meses foram em: refino de petróleo e biocombustíveis (35,99%), indústrias extrativas (26,65%), papel e celulose (14,46%) e impressão (13,82%). Sendo que os setores de maior influência na determinação do índice foram: refino de petróleo e biocombustíveis: 4,01 p.p., alimentos: 2,63 p.p., indústrias extrativas: 1,30 p.p. e outros produtos químicos: 0,75 p.p.
As recentes variações negativas dos combustíveis que estão tendo uma influência importante na redução do IPCA de junho e julho, deverão também reduzir os preços industriais. No entanto, a alta dos juros somada, ainda, às exportações aceleradas da carne, soja, café e outras commodities de alimentos, sem políticas para garantir o abastecimento do mercado interno, continuam pressionando seus preços.
As altas nos preços dos fertilizantes têm relação direta, também, com a dependência à produção da Rússia. Por outro lado, a manutenção da política do Preço de Paridade Internacional (PPI) na determinação dos preços dos combustíveis, pela direção da Petrobrás, mantém sem perspectiva de solução a inflação dos produtos industriais e de toda a economia.
J.AMARO