
Bancários de todo o país rejeitaram a proposta de reajuste salarial apresentada à categoria pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Em assembleia virtual na noite da última sexta-feira (26), 97% dos participantes votaram contra o índice de reajuste apresentado pela federação para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários para 2022.
Para a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva, “o resultado da assembleia evidencia para os banqueiros a insatisfação dos trabalhadores com as propostas apresentadas pela Fenaban. Um resultado óbvio e previsível, já que os bancários literalmente perdem a saúde para construir os lucros bilionários dos bancos, que ficam cada vez mais concentrados nas mãos de acionistas e de alguns poucos diretores executivos que recebem remunerações milionárias”, disse.
As principais reivindicações dos bancários são aumento real de 5% para os salários e demais verbas; aumento maior no VR e VA; maior participação nos lucros e resultados (PLR); e jornada de quatro dias por semana, sem redução de salário.
A proposta apresentada pela Fenaban é de reajuste de apenas 75,8% da inflação, com perda real de 2% nos salários. Ainda de acordo com a proposta, PLR, vales alimentação e refeição serão reajustados pelo INPC, sem aumento real. A proposta já havia sido rejeitada na mesa de negociação pelo Comando Nacional dos Bancários, e agora a rejeição foi referendada pela assembleia.
Segundo a direção do sindicato, é a 17ª rodada de negociação sem que as reivindicações dos bancários sejam contempladas.
Conforme Ivone Silva, “os banqueiros, na mesa de negociação, oferecem reajustes salariais e nos vales alimentação e refeição que sequer cobrem a inflação do período, ao invés de reconhecerem o trabalho dos bancários, que constroem os lucros cada vez maiores das instituições financeiras. Lucros à custa de muito assédio moral e adoecimento para o cumprimento de metas abusivas”, afirmou.
“A proposta apresentada nesta sexta-feira significa retirada de direitos, e isso não iremos admitir. Portanto, a rejeitamos na mesa e foi dado prosseguimento para o estado de assembleia permanente. Os bancários devem continuar acompanhando as negociações e ficar atentos para novas convocações. O Comando vai continuar insistindo nas suas reivindicações, e espera que a Fenaban respeite os trabalhadores e atenda às suas expectativas”, completou Ivone.
Segundo a secretária-geral do sindicato, Neiva Moreira, a categoria está organizada e mobilizada para manifestações, protestos e até paralisações caso não haja uma mudança de atitude da Fenaban.
“Esperamos seriedade e uma mudança de postura da Fenaban, por meio da apresentação de uma proposta com aumento real para salários, vales e PLR, e que valorize e contemple o trabalho e os anseios da categoria, porque os bancários e bancárias estão cansados dos rumos das negociações, e as propostas apresentadas estão empurrando os trabalhadores para uma greve”, alertou a sindicalista.