Sullivan Walter, é o nome de mais um dos tantos cidadãos negros presos nos Estados Unidos injustamente e por décadas por um crime que não cometeu e que finalmente acaba de conseguir a liberdade
Na última quinta-feira (25), agora com 53 anos, o então adolescente de 17 anos teve finalmente anulada a sua sentença de roubo e crime de estupro pela Justiça de Luisiana.
Recentemente, o juiz Darryl Derbigny revogou a condenação de estupro contra Sullivan porque as evidências de sangue e sêmen que poderiam tê-lo inocentá-lo nunca chegaram ao júri à época em que o julgamento foi realizado, nos anos 1980.
Conforme o magistrado, chamar o ocorrido de “inconcebível” chega a ser um “eufemismo” diante da gravidade do caso, classificado por ele como “horrível”. “Estou sem palavras para expressar a tristeza e a raiva que tenho com o tratamento que você recebeu do sistema”, declarou.
A decisão põe fim a uma das mais extensas condenações arbitrárias de qualquer menor na história dos Estados Unidos, em um momento em que as sentenças juvenis, particularmente as prisões perpétuas estão sendo analisadas e reavaliadas por pressão do movimento negro e da sociedade civil.
A condenação estampa o grave preconceito racial em que se vê mergulhado o sistema judiciário norte-americano, que faz com que os homens negros sejam desproporcionalmente condenados sem qualquer prova por agressão sexual, assassinato e crimes relacionados a drogas em comparação aos brancos.
Uma revisão realizada de cerca de 2.000 casos entre 1989 e 2016 pelo Registro Nacional revelou que a negritude está estatisticamente muito mais propensa a ser considerada inocente após a condenação. Da mesma forma, existe maior probabilidade dos negros esperarem mais tempo para que seus nomes sejam limpos.
“Os advogados e policiais envolvidos atuaram como se acreditassem que podiam fazer o que quisessem com um adolescente negro de uma família pobre e nunca seriam examinados ou responsabilizados”, protestou o juiz. “Não se trata apenas de indivíduos e suas escolhas, mas de dois sistemas que permitem que elas aconteçam”, acrescentou Derbigny.
O promotor público Jason Williams decidiu trabalhar em conjunto com o juiz no Projeto Inocência pela libertação de Walter, uma vez que acreditava ter motivos suficientes e contundentes, já que “houve indícios de que o depoimento da testemunha ocular poderia não ser confiável”.
O Projeto Inocência investiga condenações injustas e apresenta moções para anular sentenças em que se observam “furos” ao longo da investigação.
“Eu só quero ter uma vida honesta e livre”, comemorou Sullivan Walter.
HOMEM É MORTO POR ROUBAR CERVEJA
Organizações civis como o Black Lives Matter denunciaram mais um crime de violência policial nos Estados Unidos contra um homem que roubou uma cerveja em Salt Lake City, Utah.
Os vídeos divulgados comprovam que Nykon Brandon foi executado logo após ter sido preso pela polícia, a quem a associação condena pelo uso de força desproporcional. De acordo com organizações como a Anistia Internacional, cerca de mil pessoas são mortas todos os anos devido a prisões ou conflitos com a polícia.
A própria polícia reconhece que o homem com problemas mentais foi preso por furtar a cerveja de um estabelecimento comercial, no qual entrou de forma agressiva e trajava apenas cueca.
Um dos dirigentes do Black Lives Matter, Lex Scott, frisou que “roubar uma cerveja não equivale à pena de morte” e ponderou que, em qualquer caso, a pessoa deveria ter sido levada perante as autoridades, mas jamais ter sido tratada de forma tão violenta.
O vídeo mostra Brandon lutando com vários policiais, que o derrubam e o prendem no chão. Nas imagens não aparece o momento da execução do homem, já que ele perdeu a vida posteriormente.