O presidente de Peru, Pedro Castillo, assumiu nesta segunda-feira (29) a Presidência da Comunidade Andina de Nações (CAN), organismo de integração regional criado em 1969, com a proposta de revitalizá-la e colocá-la a serviço do fortalecimento do seu mercado interno, do seu progresso e soberania. “De acordo com o que está expresso no ato fundador de nossa comunidade, onde a integração constitui um mandato histórico, político, econômico, social e cultural de nossos países, trabalharemos ativamente para que esta integração una todos os povos andinos”, afirmou.
Na oportunidade, Castillo declarou ser “um desafio” assumir o cargo para o período 2022-2023, e sustentou que está nas mãos dos peruanos “abrir os espaços” para os demais integrantes do bloco, também formado por Bolívia e Colômbia, além de Equador e Peru, “para ser uma única família”. “Fortalecemos a integração regional para levar nossos povos rumo ao caminho do desenvolvimento, justiça social e paz”, enfatizou.
Os presidentes Luis Arce (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia) e Guillermo Lasso (Equador) também estiveram presentes na sede da Secretaria Geral do organismo, acompanhados dos respectivos ministros de Relações Exteriores e de Comércio Exterior, em San Isidro, Lima.
A CAN reúne três entre as cinco economias mais prósperas da América do Sul em 2021, composta por 113 milhões de habitantes. Conforme a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o Peru lidera o processo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco, com 9,5%, com a Colômbia em terceiro lugar, com 5,4%, seguida pela Bolívia com 5,1%.
Somente no ano passado, a CAN registrou um total de US$ 8,667 bilhões em exportações intracomunitárias, 32% a mais do que em 2020; e US$ 136,44 bilhões em exportações totais, 42% acima das cifras de 2020.
PETRO DESTACA PAPEL DA INTEGRAÇÃO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO
No evento, o presidente colombiano, que assumiu o governo no mês passado, fez uma conclamação a reforçar a unidade do continente, e relançar tanto a CAN como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
“Falamos particularmente de revitalizar a Comunidade Andina, que teve um papel muito importante no planejamento dos processos de industrialização de nossos países durante o pensamento econômico da Cepal”, declarou Petro, em entrevista coletiva conjunta com o presidente chileno Gabriel Boric.
Sustentado pela mudança de rumo do governo, o chanceler colombiano Alvaro Leyva propôs que seja avaliada a inclusão da Venezuela e do Chile no bloco. “Este é o momento oportuno para considerar a visão de integração efetiva da América Latina a partir do relacionamento com outros blocos, mas particularmente, através da vinculação de aliados fundamentais, como Chile e Venezuela, nações irmãs”, acrescentou.
A incorporação da Argentina na aliança também foi sugerida por Gustavo Petro: “Quanto mais vozes nos unirmos e concordarmos, melhor, mais poderosa será a voz da Comunidade Andina. Isso mudaria substancialmente e nossa voz seria muito mais ouvida nos cenários mundiais”.
Na avaliação de Luis Arce, a hora é de fortalecer os vínculos da CAN com o Mercosul, assim como estabelecer mesas de negociação de futuros acordos com a União Europeia e países da região euroasiática. Entre as propostas apresentadas por Arce estão a suspensão de impostos para medicamentos e o incremento da produção de fertilizantes e outros insumos agrícolas, com o objetivo de priorizar a produção de alimentos entre a comunidade andina.
Para Guillermo Lasso, também para os equatorianos, o caminho integracionista coloca desafios permanentes em direção a objetivos estratégicos comuns.
Os dirigentes da CAN esclareceram que a dinâmica da comunidade andina, sob a presidência peruana, estará focada no progresso regional a partir dos aspectos sociais, de comércio e infraestrutura. Também o projeto “Caminhos Andinos”, apontou o novo comando, buscará resgatar o patrimônio cultural em uma extensa rota geográfica que vai desde a Patagônia – na Argentina e no Chile – até a Serra Nevada de Santa Marta, cordilheira localizada na costa caribenha da Colômbia, a fim de recuperar os mais de 13 milhões de turistas que recebia em 2019, período anterior à pandemia. A criação desta “rota turística andina”, reiterou a Bolívia, “deverá ser feita com investimentos” na criação e fortalecimento de infraestrutura.
Por outro lado, do ponto de vista da integração no campo das telecomunicações foi aprovada uma norma para evitar o pagamento adicional das chamadas internacionais entre os quatro países e um estatuto de defesa do consumidor, que inclui a proteção dos direitos de inviolabilidade de dados pessoais.