Produtos de higiene pessoal acumulam alta de 10,42% nos últimos 12 meses até agosto. Só o preço do sabonete subiu 27,27% no período, segundo dados da prévia da inflação de agosto, do IPCA-15 do IBGE
Os brasileiros pobres estão sendo obrigados a tomar banhos sem sabonete e xampu diante da disparada dos preços dos produtos de higiene pessoal, que acumulam alta de 10,42% nos últimos 12 meses até agosto.
Só o preço do sabonete subiu 27,27% no período, segundo dados da prévia da inflação de agosto, IPCA-15 do IBGE, que registrou alta de 9,6% em 12 meses.
A situação se agrava ainda mais com os preços dos alimentos que estão absurdamente caros. Em um ano, a alimentação do domicílio acumula alta de 17,37%. Diante desta situação, os trabalhadores de baixa renda, ao irem fazer as compras nos supermercados, são obrigados a ter de fazer escolhas não apenas de alimentos, mas também na hora de usar produtos básicos de higiene pessoal, como sabonete e xampu, é o que revela um levantamento sobre hábitos de higiene e consumo feito pela consultoria Kantar, que foi publicado no jornal O Estado de São Paulo, neste sábado (3), apontando que 31% dos brasileiros cortaram o sabonete e xampu da lista de compras.
Segundo a pesquisa Kantar, no segundo trimestre deste ano, aumentou em 9% o número de banhos sem uso de sabonete entre os que tomam o segundo banho diário, comparado ao mesmo trimestre de 2018.
“Não é que os brasileiros estejam abandonando o sabonete, mas um em cada cinco banhos é apenas com água, e essas ocasiões são feitas por cerca de 31% da população”, disse Jenifer F. Novaes, executiva sênior da consultoria e responsável pela pesquisa.
A consultoria monitora diariamente o comportamento de 4 mil pessoas, por meio de um aplicativo. Os hábitos de higiene desse grupo representam um universo de 115 milhões de brasileiros, pouco mais da metade da população do país. Hoje, quase 70% da população toma dois banhos diariamente.
“Não é que os brasileiros estejam abandonando o sabonete, mas um em cada cinco banhos é apenas com água, e essas ocasiões são feitas por cerca de 31% da população”, disse Jenifer F. Novaes, da consultoria Kantar
De acordo com a Kantar, desde 2019, as ocasiões de banho sem sabonete têm crescido no país. A consultoria tem monitorado este comportamento desde o início do segundo trimestre de 2018. O recorde de banho sem sabonete foi atingido no segundo trimestre de 2021, com um avanço de 28% ante o mesmo período de 2018.
Desde o último trimestre do ano passado até o segundo trimestre deste ano, a trajetória da quantidade de banhos sem o uso de sabonete vem progredindo e aumentou 3,9%, observa a pesquisa, que aponta que o crescimento de banhos só com água ocorreu apenas entre os brasileiros das classes D e E, segmento no qual a renda média individual é de R$ 791,63, equivalente a 65% do salário mínimo.
A região Sudeste foi a principal alavanca desse crescimento, onde estão 54% dos indivíduos com essa rotina. Destes, mais da metade (53%) é mulher, a maioria mães que trabalham em tempo integral e são responsáveis pelo sustento da casa.
“O aumento da inflação e o agravamento do cenário econômico levaram o consumidor a ter de fazer escolhas, seja cortando produtos, seja racionalizando o uso para que durem mais”, afirma Rafael Couto, diretor de soluções avançadas da consultoria.
Em agosto, a inflação continuou avançando sobre a alimentação e produtos de higiene pessoal, de acordo com o IPCA-15.
“O aumento da inflação e o agravamento do cenário econômico levaram o consumidor a ter de fazer escolhas, seja cortando produtos, seja racionalizando o uso para que durem mais”, afirma Rafael Couto, diretor da consultoria Kantar
Entre os campeões da inflação dos alimentos, no acumulado em 12 meses, estão: Mamão (85,02%), Cebola (79,98%), Melancia (71,19%), Leite longa vida (69,73%), Melão (63,32%), Café Moído (53,22%), Tangerina (48,89%), Morango (44,2%), Manga (39,4%), Batata Inglesa (38,98%), Banana prata (37,06%), Alimento Infantil (31,53%) e Farinha de trigo (30,17%).
Mas há de constatar ainda a alta dos preços de outros alimentos do cotidiano da cozinha como do Óleo de Soja, que acumula alta de (19,76%), do Milho em Grão (29,65%), Macarrão (19,87%), Farinha de Mandioca (19,31 %), Frango em Pedaços (19,38%) e Ovo de Galinha (17,39%).
Só neste ano, de janeiro a agosto, a alta nos preços dos produtos de higiene pessoal chega a 11,85%. Nesse grupo, o sabonete subiu 20,95% e Produtos de Cabelos tiveram um reajuste de 10,29%. Destaca-se ainda: Produtos de Pele (18,48%), Produtos para Higiene (9,71%), Papel Higiênico (8,28%) e Desodorante (5,01%).