Encontro reuniu milhares de evangélicos em apoio a Lula em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. “Nunca houve na história do Brasil um presidente que tratasse a religião e as igrejas com a democracia que eu cuidei nesse país”, disse o ex-presidente
Em encontro com evangélicos no fim da manhã desta sexta-feira (9), em São Gonçalo (RJ), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o apoio de pastores e de fiéis de diferentes gerações. Na abertura do encontro foi cantado o Hino Nacional Brasileiro. Logo em seguida vários pastores deram as boas-vindas a Lula e Alckmin.
Em reconhecimento às transformações ocorridas os primeiros governos do PT, os religiosos pediram o retorno de Lula para que o Brasil volte a ter políticas inclusivas que garantam vida mais digna aos mais pobres.
Emocionado, Lula falou após ouvir as palavras de apoio e acolhimento de diversos pastores que discursaram. Disse que o Brasil será reconstruído, que a verdade venceu e que o Estado não pode ter igreja nem religião, mas garantir o funcionamento e a liberdade das igrejas.
LIBERDADE RELIGIOSA
“E eu posso olhar na cara de cada mulher, de cada senhora aqui, de cada jovem e dizer: nunca houve na história do Brasil um presidente que tratasse a religião e as igrejas com a democracia que eu cuidei nesse país. Duvido. Duvido que alguém tenha cuidado e garantido a liberdade de criar igrejas, a liberdade de praticar a sua fé, nunca teve”, disse.
Lula lembrou que em todas as vezes em que se candidatou nunca usou ato religioso para pedir votos. “A hora que um cidadão vai na igreja, ele vai cuidar da sua fé, ele vai cuidar da sua espiritualidade, ele não está preocupado se um candidato é A ou B. Ali é o momento que ele está conversando com Deus”, afirmou o ex-presidente.
Lula reafirmou seu compromisso de fazer o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e garantir melhores condições para as pessoas viverem. “Vai aumentar o salário-mínimo todo ano acima da inflação”, garantiu.
TIRAR CRIANÇAS DA RUA
“As nossas crianças vão voltar a ir para universidade, vai voltar a investimento em ciência e tecnologia e a gente vai melhorar qualidade do ensino fundamental e o ensino vai ser integral a partir de agora. O ensino integral tira as crianças da rua e vai dar muito mais garantia a família. Eu vou fazer o que precisa ser feito nesse país”, acrescentou.
Assista o encontro na íntegra
O pastor Marcelo Coelho Cunha iniciou sua fala dizendo que a história de que os evangélicos não apoiam Lula é mentira. “Esta é mais uma das falácias de Bolsonaro”, afirmou. “Porque nós evangélicos apoiamos com muito prazer aquele que faz valer os textos bíblicos do provérbio 29-2, que diz que quando um justo governa, o povo se alegra, mas quando um ímpio governa, o povo geme. E o que nós temos visto no governo Bolsonaro é o povo sofrer, é o povo gemer”, acrescentou.
O pastor Alair Lima, da Igreja Batista de Jardim Alcântara, disse que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Ele prosseguiu dizendo que este “é um dia histórico, porque nós vamos hoje desconstruir uma mentira. A de que evangélico não vota em Lula”. Logo em seguida foi passado um vídeo com canções de apoio a Lula e contra as medidas e ameaças de Bolsonaro.
O POVO ERA FELIZ
O pastor Sérgio Duzilek, um dos primeiros a falar, destacou que o melhor tempo que a igreja brasileira viveu foi durante os governos Lula. Segundo ele, os pastores estavam bem, as igrejas podiam pregar o evangelho livremente e o governo promoveu justiça social. “O povo que pastoreamos era feliz. Tinha sua laje e churrasquinho pra fazer em sua laje. Hoje vivem debaixo de outras lajes”, afirmou.
De acordo com o pastor, o povo não aguenta mais viver na mendicância que está vivendo hoje, nas mãos de um governo nefasto. “A mendicância agride o senhor Deus. O povo não aguenta mais quatro anos com esse Presidente da República que só faz enganar, ludibriar e governar só para a elite”, disse, reconhecendo que Lula foi vítima de injustiça do judiciário e de parcelas da igreja. “A igreja evangélica tem que pedir perdão ao senhor”.
A missionária Ana Paula Santana iniciou sua fala dizendo que Lula é um escolhido do Senhor”. Logo em seguida outro vídeo de apoio ao ex-presidente foi exibido. A missionária Suelen Costa cantou uma canção que empolgou a plateia e emocionou os presentes. “Não importa o que eu sofri. O que importa pe que eu sobrevivi. Deus te protegeu e agora tem coisa boa para ti”, dizia um trecho da canção.
O pastor Ariovaldo Ramos afirmou que adversários de Deus assumiram o controle da nação com mentiras e usando o nome de Jesus Cristo em vão. “Eles zombaram da cruz. Eles inventaram mentiras, eles disseram inverdades terríveis, mas isso vai ter fim no dia 2 de outubro. Isso vai ter fim. Isso vai acabar”, disse.
“ADVERSÁRIOS DE DEUS ASSUMIRAM O CONTROLE DA NAÇÃO”
Pedindo a volta de Lula, Ariovaldo Ramos afirmou que nos governos do ex-presidente o Brasil foi feliz, pastores e religiões eram respeitados e ninguém usou o nome de Jesus para atacar ou discriminar alguém.
“Houve um governo que lutou pelo fim do racismo e de toda sorte de segregação. No dia 2 de outubro nós vamos trazer esse governo de volta e, em nome de Jesus, nós vamos salvar nosso povo da fome. Nós vamos salvar nosso povo do desemprego, vamos salvar nosso povo que está a caminho da miséria, vamos salvar nossas indústrias, vamos salvar nosso país. Vamos ter orgulho de ser brasileiros”, completou.
Marcelo Freixo (PSB), candidato a governador falou em seguida, e André Ceciliano (PT), candidato ao Senado. Freixo saudou os pastores presentes e destacou que todos os evangélicos se guiam pela verdade e não pela mentira. “Eu tinha um sonho que er ser professor. Com vinte anos comecei a dar aulas nas favelas e nas prisões. E lá, quem eu encontrei fazendo o bem, foram vocês”, disse Freixo. Vocês acreditam no ser humano. Vocês acreditam nas pessoas. E nós precisamos governar cuidando das pessoas”, contou o candidato a governador.
ALCKMIN CITA MARTIN LUTHER KING
Geraldo Alckmin citou o pastor evangélico que, segundo ele, ajudou a mudar o mundo. Ele falava de Martin Luther King. “Ele disse que tinha um sonho. E, com sua fé inabalável, removeu o ódio, o racismo e a discriminação que havia nos Estados Unidos”, disse Alckmin. “Hoje, de novo, nós estamos aqui para combater o ódio, combater a violência. O futuro não é destino, não é sina, o futuro a gente constrói. Chega de sofrimento. 33 milhões de pessoas passando fome. Temos que colocar um fim nesse sofrimento”, destacou.
“Para voltar o emprego e os salários aumentarem, o que eu tenho ouvido é ‘volta Lula!’ Para que os jovens possam ter direito à educação e povo tenha uma saúde de qualidade, com mais médicos, mais remédios, diminuir a fila, o que eu ouço, de norte a sul deste país, é ‘volta lula!’. Jesus diz amai-vos uns aos outros. Ele nunca disse armai-vos uns aos outros. São um milhão de armas. Metade das mulheres mortas é por arma de fogo. E quando uma mulher é ameaçada é a família que está sendo ameaçada”, completou o ex-governador.
“O presidente Lula colocou em prática os valores cristãos. Trabalho com amor, com crescimento inclusivo, melhora do salário-mínimo, proporcionar emprego para quem precisa. Moradia. Milhares de casas foram feitas pelo ‘Minha Casa Minha Vida’ aqui em São Gonçalo e em todo o Rio de Janeiro”, lembrou Alckmin. Ao final foi lida a Carta dos Evangélicos ao presidente Lula. “Lula é o combate à fome e Bolsonaro é a promoção das armas”, disse um dos jovens que leu o documento no encontro de apoio a Lula.