
“Não sei como um cristão vota num torturador”, diz o poeta
Em um instigante repente, o Mestre Oliveira de Panelas, expõe a covardia e o autoritarismo que permeiam o caráter de Jair Bolsonaro.
Pernambucano, adotado pela Paraíba onde vive há 30 anos, o repentista chama Bolsonaro de “Drácula doente” e duvida que Cristo se proponha a amar uma “Pátria armada”.
“Duvido que o Cristo queira amar uma Pátria armada, onde a morte é cultuada e ódio gera cegueira, contra a vida e a vida inteira sem sentido e sem amor”.
“Tem a caixa do rancor no lugar do coração. E eu não sei como um cristão vota num torturador”, prossegue Mestre Oliveira, que também é escritor e já recebeu diversas premiações.
Para ele, não há “nada mais repugnante do que alguém debochar arremedando a morte do semelhante e gritar ao reclamante, ‘não sou coveiro, senhor!’”.
“Quem falou que a tortura assassinou pouca gente, esse é um Drácula doente, enfermo que não tem cura”, diz na cantoria o artista, apelidado por Ariano Suassuna de “Pavarotti dos Sertões”.
A obra também faz críticas à tortura. “Quem das garras da tortura e é réu confesso a favor, e da vida um predador, sem fé, sem religião. Eu não sei como um cristão vota num torturador”.
OLIVEIRA DE PANELAS
Com 45 anos de carreira, o poeta, repentista e escritor Oliveira de Panelas coleciona uma série de premiações e títulos.
Em 1997, foi vencedor do Primeiro Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Já em 2001, conquistou o 1º Desafio Nordestino, concorrendo com 70 dos maiores cantadores da região, evento realizado em Recife, capital pernambucana.
As premiações alçaram o artista à posição de um dos mais renomados e importantes representantes dos poetas repentistas no Brasil.
Considerado um renovador da cantoria pelos temas modernos abordados e pela técnica usada na arte de fazer versos, o compositor já se apresentou em eventos internacionais.
Em uma dessas apresentações, teve entre o público o presidente cubano Fidel Castro. Também já cantou para o papa João Paulo II, em uma visita do pontífice à Argentina.
Além disso, compartilhou, por quatro vezes, os palcos com o cantor Roberto Carlos.
fui levado à casa deste bardo
por um amigo lá de monteiro
conheci de perto seu trabalho
do repentismo é dos primeiros