“São pessoas que foram, ao longo dos anos, acostumadas a não se preocupar”, afirmou o irresponsável, em entrevista à emissora católica Rede Vida nesta quarta-feira (21)
Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (21), em entrevista à emissora católica Rede Vida, que os pobres brasileiros estão desempregados e vivendo nestas condições porque se “acostumaram a não ter profissão”. “São pessoas que foram, ao longo dos anos, acostumadas a não se preocupar ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão”, pontuou.
Essa sempre foi a forma de Bolsonaro tratar os problemas do país. Ele nunca tem nada a apresentar como solução. A culpa pelos problemas é sempre dos outros. O desemprego e o subemprego, que em seu desastroso governo atinge mais de 50 milhões de pais de família, não é um problema dele. A culpa é do pobre que se “acostumou a não procurar uma profissão”.
Essa afirmação é, na verdade, uma projeção pura e simples do que ele e sua família sempre fizeram. São eles que nunca tiveram profissão. Nem ele nem seus filhos. Vivem pendurados nos cofres públicos há décadas sangrando o erário com rachadinhas, sacolas de dinheiros vivo, trambiques no vale gasolina, uso indecoroso de auxílio aluguel e outras maracutaias do gênero.
Antes até se pensava que esses eram pequenos golpes – afinal eles eram aplicados no submundo do baixo clero -, mas, agora que veio à tona a informação de que a família Bolsonaro adquiriu 107 imóveis desde que Bolsonaro entrou para a política, sendo que 51 destes foram pagos total ou parcialmente em dinheiro vivo, a coisa mudou de figura.
Não há como explicar que os salários de deputados pudessem propiciar um volume tão grande de negócios imobiliários envolvendo salas, escritórios, apartamentos e até mansões de luxo.
Só Flávio Bolsonaro, por exemplo, desviou, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, R$ 6 milhões na rachadinha da Assembleia Legislativa do estado. Além da distribuição por Fabrício Queiroz – o operador do esquema – de R$ 89 mil em cheques para Michelle Bolsonaro, Flávio comprou uma mansão no valor de R$ 6 milhões em área nobre de Brasília.
A ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, o “zero quatro”, que recebe um salário de R$ 8 mil, também comprou outra mansão, por coincidência também em área nobre de Brasília, avaliada em R$ 3,1 milhões. E, neste caso que veio à tona recentemente, a Polícia Federal, inclusive, constatou que a ex-mulher de Bolsonaro movimentou R$ 9,3 milhões. A partir de um relatório do Coaf, a PF está investigando a origem deste dinheiro, já que a renda da advogada e candidata a deputada é incompatível com essas movimentações.
A entrevista confirmou também mais uma outra coisa sobre Bolsonaro que muita gente já sabia. Que ele não gosta nem um pouco de trabalhar. Ele passou boa parte desses quatro ano de governo passeando de moto, de lancha ou se mostrando em cima de um jet ski. Deixou o país literalmente à deriva. Quase não se viu o presidente trabalhando.
Por isso ele reclamou que é difícil acabar com a fome no Brasil. “Tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco”, reclamou, para logo em seguida dizer que o número de pessoas que passam fome no país é superestimado. Ele nem sabe quantos passam fome. Esse assunto não o interessa.
Se engalfinhou com os números divulgados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), que apontou que 33 milhões de brasileiros estão passando fome e 125 milhões vivem algum nível de insegurança alimentar, ou seja, não estão se alimentando como deviam.
“Não é esse número todo de pessoas que passam fome no país”, disse ele. Não deu outro número ou disse em que se baseia para contestar os estudos. Apenas questionou o levantamento feito pelos especialistas, assim como fez com os cientistas das vacinas, com os engenheiros do INPE, sobre o desmatamento, etc. Ele sabia mais que todo mundo na condução da pandemia.
Durante a tragédia, o “capitão cloroquina” também dizia que não era bem assim, “isso é só uma gripezinha”, “estão exagerando”, e outros absurdos. O resultado foram mais de 685 mil mortos pela “gripezinha”. Os especialistas, combatidos por ele, disseram que dois terços destas mortes poderiam ter sido evitadas, não fosse a sabotagem de Bolsonaro.
Há algumas semanas, de forma arrogante, ele perguntou se algum de seus seguidores, que o ouviam no cercadinho do Alvorada, tinha visto alguém pedindo comida na porta de uma padaria. Ele é tão cego para os problemas sociais causados por sua desastrosa política de juros nas alturas, inflação de alimentos descontrolada e de arrocho salarial, que não vê as filas de ossos e de carcaças e a busca por comida nos caminhões de lixo. Ou seja, ele não vê nada. É por isso que a rejeição da população ao seu governo está em níveis altíssimos.