Os referendos sobre a unificação com a Rússia das repúblicas populares do Donbass e das regiões de Kherson e Zaporizhia que serão realizados durante 5 dias, começaram às 8h (horário local) desta sexta-feira (23). Se os resultados forem positivos, mais de 5 milhões de pessoas poderão se tornar cidadãos russos.
Para garantir a segurança, a votação será realizada nas áreas de acesso aos edifícios residenciais informou a agência russa TASS.
Segundo as autoridades locais, as regiões estão totalmente preparadas para o procedimento, para o qual foram convidados observadores russos e estrangeiros.
Tanto a República Popular de Donetsk (RPD) quanto a de Lugansk (RPL) eram territórios no leste da Ucrânia que haviam proclamado sua independência desde maio de 2014. As populações do Donbass recusaram-se a reconhecer as novas autoridades que resultaram do golpe em Kyev em fevereiro daquele mesmo ano e que passaram a adotar políticas e medidas persecutórias contra os cidadãos de fala russa.
As cedulas têm uma pergunta: “Você apóia a adesão da RPD à Rússia como parte da Federação Russa?” Na República Popular de Lugansk será: “Você é a favor da RPL se tornar parte da Federação Russa?”
“A voz de cada um de vocês confirmará a verdade: Donbass é a Rússia”, declarou o líder da RPD, Denis Pushilin, em sua mensagem aos moradores. Ressaltou que as repúblicas esperavam há muitos anos seu retorno à Rússia, assim como alguém espera o retorno à família após muitos anos de separação.
“A realização do referendo é um marco histórico. Não só porque confiamos no seu resultado positivo, mas porque é o culminar do nosso difícil caminho comum”, disse.
“Vamos para casa”, comentou Vladimir Rogov, membro do conselho principal da nova administração civil-militar da região, no início da votação.
“Hoje é o primeiro dia de um evento para o qual caminhamos por 8 longos e difíceis anos. Eles nos intimidaram, tentaram nos afogar em sangue, cortaram nossa eletricidade, água e gás, nos deixaram sem comida e meios de subsistência. Eles tentaram nos quebrar e nos deixar de joelhos. No entanto, desta vez os fascistas ucranianos calcularam mal, já que é impossível pôr o Donbass, como parte integrante do mundo russo, de joelhos”, assinalou líder da RPL, Leonid Pasechnik.
Um dia após o pedido ter sido feito pelas Câmaras Públicas das duas repúblicas, membros do órgão consultivo da região de Kherson também pediram ao chefe da administração cívico-militar regional, Vladimir Saldo, que realizasse “imediatamente” um referendo para juntar-se à Rússia.
Por seu lado, na região de Zaporizhya, o movimento social Nós Junto com a Rússia apresentou o seu pedido a este respeito ao líder provincial, Yevgeni Balitsky. “Quanto mais cedo nos tornarmos parte da Rússia, mais cedo haverá paz, compreensão mútua, bem-estar e garantias de que estamos vivos, saudáveis e livres”, disse o presidente do movimento, Vladimir Rogov.
O processo de votação nas autoproclamadas repúblicas populares do Donbass pode ser acompanhado pelos canais Telegram criados pelas Comissões Eleitorais regionais na véspera do referendo.
“A Rússia apoiará a decisão dos moradores das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e nas províncias de Kherson e Zaporizhya”, assegurou hoje o presidente da Duma (equivalente à nossa Câmara de Deputados), Viacheslav Volodin.
Referindo-se às críticas da União Europeia à realização do referendo, Volodin destacou que durante oito anos o bloco comunitário não fez nada para impedir o avanço de forças neonazistas lideradas pelo batalhão Azov na região.
Em 24 de fevereiro, a Rússia iniciou uma operação especial nesses territórios do sudeste da Ucrânia com o objetivo de impedir o genocídio de Kyev contra os habitantes desses territórios.