Carlos Miranda, operador financeiro da quadrilha chefiada pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), detalhou como funcionava a distribuição de propinas durante depoimento à Justiça nesta terça-feira (12).
Ele foi ouvido como testemunha na operação C’est Fini, que investiga a distribuição de propina do Departamento de Estradas e Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) ao ex-governador, que ficava com 50% da propina.
Durante o depoimento na presença do juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara de Justiça Federal, o delator afirmou que na partilha das propinas, o ex-presidente do DER-RJ no governo Cabral, Henrique Alberto Santos Ribeiro, também tinha direito a 50% do valor das propinas. Tendo angariado, assim como Cabral, R$ 17,5 milhões.
Carlos Miranda, disse ainda que costumava receber a propina a cada 40 ou 45 dias, de acordo com os pagamentos do Estado feito às empresas. As empreiteiras pagavam propina para garantir obras prestadas para o DER. O dinheiro era repassado pelo departamento para os integrantes do esquema criminoso.
“A propina era arrecadado de acordo com pagamentos feitos pelo estado para a empresa. Foi regularmente ao longo do governo Sérgio Cabral, com valores variados de R$ 100 mil a R$ 150 mil”, disse o delator.
Henrique Alberto também foi preso na operação, ele era responsável por recolher as vantagens indevidas untos às empreiteiras e repassava para os agentes públicos envolvidos.
Ainda segundo Miranda, o ex-governador e o ex-secretário de governo Wilson Carlos o informaram que havia um acordo para recolher propina do órgão, que chegaria a Cabral através de Lineu Castilho Martins, apontado como operador do ex-presidente do DER-RJ. Os repasses começaram a ser entregues a Miranda do meio para o final de 2007. No esquema, Lineu era chamado pelos codinomes de Boris e Russo.
Também deveriam ter sido ouvidos nesta terça-feira o delator Marcos Andrade Barbosa Silva, da União Norte Engenharia, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes Carvalho Júnior e seu filho Jonas Lopes Carvalho Neto. Porém, o depoimento dos mesmos foi adiado a pedido da defesa de um dos réus. O juiz Marcelo Bretas aceitou o pedido de adiamento após analisar umas das peças do processo que foi incluída horas antes da audiência.